A Justiça Eleitoral autorizou prosseguimento de ação que pode impugnar o mandato de Wesley Autoescola (Pros), reeleito vereador em Belo Horizonte. O ex-parlamentar Edmar Branco (PSB) procurou o poder Judiciário alegando que a chapa montada pelo Pros contava com candidatas "laranjas'', colocadas com o objetivo de cumprir a cota de participantes femininas, e ligadas a assessores de Wesley.
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A ação cita Nayssa Barbosa, que concorreu a vereadora da capital mineira pelo Pros no ano passado. Segundo Branco, ela é irmã de um dos assessores de Wesley. Elaine de Assis, por sua vez, também teria ligação com outro funcionário do parlamentar.
A magistrada Fabiana Cunha estipulou cinco dias como prazo para que os citados na ação se manifestem. O prazo vale, também, para a apresentação de testemunhas. O Ministério Público Eleitoral (MPE) foi intimado.
Na eleição do ano passado, Edmar Branco obteve 8.103 votos. A quantia foi insuficiente para a reeleição. “A gente viu que tinha algo errado e fez a denúncia. A Justiça aceitou. Então, agora, cabe a ela ver se tem algo errado — e punir, se algo for detectado”, afirmou, à reportagem.
Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Wesley, por seu turno, foi escolhido por 4.958 belo-horizontinos. Apesar de ter ser menos votado que Branco, o candidato do Pros acabou eleito em virtude do sistema proporcional que rege as eleições legislativas no Brasil. O modelo divide as cadeiras em disputa por meio da quantidade de votos recebida por toda a lista de candidatos apresentada pelas agremiações.
Se irregularidades forem detectadas, haverá recontagem de votos. “Não sei se (a recontagem) chega ao PSB. Estamos na torcida para que, se houver algo errado, que a Justiça seja feita”, completou Edmar Branco.
A reportagem procurou Wesley Autoescola por meio de ligações telefônicas e mensagem enviada pelo WhatsApp. Até a publicação deste conteúdo, não houve retorno. O espaço para manifestação segue aberto.
Outros candidatos do Pros também se movem
Um interlocutor ligado a outro candidato do Pros na eleição passada diz que integrantes da chapa apresentada pelo partido pretendem ajuizar ação contra Wesley. A alegação do grupo é que o vereador foi o responsável por montar o grupo de candidatos. O objetivo do movimento é impedir que o Pros perca a vaga.
Filiados ao partido avaliam que o grande número de candidatos com poucos votos impediu que o Pros conseguisse mais uma vaga na Câmara Municipal. Na legislatura passada, a agremiação tinha dois representantes. Agora, tem apenas um.
Alvo de ação ignorou colega e gerou revolta
Na última sexta-feira (1), durante a posse dos parlamentares belo-horizontinos, Wesley Autoescola protagonizou cena de teor preconceituoso. No microfone do plenário, ele resolveu parabenizar a vereadora mais votada da cidade, mas cumprimentou Professora Marli (PP), e não Duda Salabert (PDT), que é transexual.
À ocasião, a pedetista criticou duramente a atitude do colega. “Vim aqui para discutir política, projetos de emprego, renda, moradia e saúde para Belo Horizonte. Episódios transfóbicos, como o ocorrido aqui, a gente resolve fora da Câmara, indo à delegacia e fazendo denúncia para que ele seja preso, caso se configure, de fato, como transfobia.”
Wesley ganhou notoriedade no ano passado, ao propor moção de aplausos a Bolonaro por suposta “atuação exemplar e valorosa” ante a pandemia do novo coronavírus. O texto acabou rejeitado.