Jornal Estado de Minas

NEGACIONISMO

Flávio Bolsonaro distorce estudo para desestimular vacina contra COVID-19


O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ), filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) segue sua empreitada familiar para desincentivar a população a se vacinar contra a COVID-19.






Nesta terça-feira (19/1), Flávio Bolsonaro afirmou, a exemplo do que tem feito reiteradamente o presidente, que não irá se vacinar.

“Como já tive Covid e minha taxa de imunidade é alta, meu médico não recomendou, neste momento, que eu tome a vacina. Vou seguir a ciência”, declarou o senador pelo Twitter.

A ciência, no entanto, discorda. Segundo o médico Unaí Tupinambás, doutor em Infectologia e Medicina Tropical e membro do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da COVID-19 de Belo Horizonte, a recomendação é para que todas as pessoas se vacinem, mesmo quem já tenha contraído a doença.


“Não tem sentido. Quando a vacina estiver disponível para todos, todos devem tomar, independentemente de ter tido ou não COVID-19. Não há contraindicação”, explica.






Ele completa, criticando a postura do político. “É uma declaração, como era de se esperar, que não acrescenta nada. uma triste declaração, de uma família totalmente doente”, afirma o médico, que também é professor da Faculdade de Medicina da UFMG.

Distorção

Flávio Bolsonaro compartilhou matéria sobre fortalecimento de anticorpos (foto: Reprodução)
Na tentativa de fundamentar sua declaração, Flávio Bolsonaro compartilhou uma matéria da CNN Brasil com o seguinte título. “Estudo: anticorpos podem ficar mais fortes 6 meses após infecção por COVID-19”.


O texto, porém, não faz nenhuma relação entre o fortalecimento dos anticorpos e a virtual "desnecessidade" de vacinação. Pelo contrário, segundo o médico Unaí Tupinambás, a vacina irá auxiliar o organismo.






“A vacina vai fortalecer ainda mais o sistema imune. Mesmo quem faça parte dos grupos prioritários, da primeira fase da campanha de vacinação, e já tenha tido a doença, deve se vacinar”, disse.

Vacina ‘neste momento’

Pelo menos uma coisa está correta na declaração do senador Flávio Bolsonaro. A afirmação de que “neste momento” ele não irá se vacinar.

Isto porque Flávio não pertence aos grupos prioritários discriminados no Plano Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde.






Os primeiros a serem imunizados serão os trabalhadores dos serviços de saúde, idosos e deficientes moradores de instituições de amparo, indígenas aldeados, comunidades tradicionais ribeirinhas ou quilombolas, entre outros.

Rachadinha

Nessa segunda-feira (18/1), a Procuradoria-Geral da República entregou ao Supremo Tribunal Federal um relatório sobre o primeiro mês de investigação da suposta produção de relatórios, pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para orientar a defesa de Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ) na tentativa de anular as investigações do caso das rachadinhas.


Flávio e seu ex-assessor Fabrício Queiroz foram denunciados pelo Ministério Público pela suposta prática de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

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