O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ), filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) segue sua empreitada familiar para desincentivar a população a se vacinar contra a COVID-19.
“Como já tive Covid e minha taxa de imunidade é alta, meu médico não recomendou, neste momento, que eu tome a vacina. Vou seguir a ciência”, declarou o senador pelo Twitter.
A ciência, no entanto, discorda. Segundo o médico Unaí Tupinambás, doutor em Infectologia e Medicina Tropical e membro do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da COVID-19 de Belo Horizonte, a recomendação é para que todas as pessoas se vacinem, mesmo quem já tenha contraído a doença.
“Não tem sentido. Quando a vacina estiver disponível para todos, todos devem tomar, independentemente de ter tido ou não COVID-19. Não há contraindicação”, explica.
Ele completa, criticando a postura do político. “É uma declaração, como era de se esperar, que não acrescenta nada. uma triste declaração, de uma família totalmente doente”, afirma o médico, que também é professor da Faculdade de Medicina da UFMG.
Distorção
Na tentativa de fundamentar sua declaração, Flávio Bolsonaro compartilhou uma matéria da CNN Brasil com o seguinte título. “Estudo: anticorpos podem ficar mais fortes 6 meses após infecção por COVID-19”.
O texto, porém, não faz nenhuma relação entre o fortalecimento dos anticorpos e a virtual "desnecessidade" de vacinação. Pelo contrário, segundo o médico Unaí Tupinambás, a vacina irá auxiliar o organismo.
“A vacina vai fortalecer ainda mais o sistema imune. Mesmo quem faça parte dos grupos prioritários, da primeira fase da campanha de vacinação, e já tenha tido a doença, deve se vacinar”, disse.
Vacina ‘neste momento’
Pelo menos uma coisa está correta na declaração do senador Flávio Bolsonaro. A afirmação de que “neste momento” ele não irá se vacinar.
Isto porque Flávio não pertence aos grupos prioritários discriminados no Plano Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde.
Os primeiros a serem imunizados serão os trabalhadores dos serviços de saúde, idosos e deficientes moradores de instituições de amparo, indígenas aldeados, comunidades tradicionais ribeirinhas ou quilombolas, entre outros.
Rachadinha
Nessa segunda-feira (18/1), a Procuradoria-Geral da República entregou ao Supremo Tribunal Federal um relatório sobre o primeiro mês de investigação da suposta produção de relatórios, pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para orientar a defesa de Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ) na tentativa de anular as investigações do caso das rachadinhas.
Flávio e seu ex-assessor Fabrício Queiroz foram denunciados pelo Ministério Público pela suposta prática de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.