O presidente Jair Bolsonaro proibiu ministros de atender a qualquer pedido do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu adversário político. Quem conversar e fizer "graça" para o governador também está sujeito a receber cartão vermelho. A ordem foi reforçada depois que Doria deu a largada para a vacinação contra a COVID-19, no último domingo, 17, tirando o protagonismo do governo federal.
Bolsonaro está convencido de que o tucano trabalha em sintonia com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para desgastar cada vez mais o governo e articular o impeachment. "Não vão conseguir me derrubar", disse ele, em recente conversa com aliados, segundo relatos obtidos pelo Estadão.
Candidato a novo mandato, o presidente afirmou que Doria fez da vacina Coronavac uma jogada de marketing para ter os holofotes porque quer sua cadeira, em 2022. Em mais de uma ocasião, Bolsonaro chamou Doria de "calcinha apertada" e "gravatinha". As expressões são usadas por ele, em reuniões com ministros, para se referir ao governador.
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A dobradinha entre Doria e Maia para construir uma saída diplomática com a China, na tentativa de impedir que a vacinação contra o coronavírus seja interrompida por falta de matéria-prima, aumentou a irritação de Bolsonaro. Foi por ordem dele que o Ministério das Comunicações divulgou uma nota, na quarta-feira, 20, para avisar que "o governo federal é o único interlocutor oficial com o governo chinês".
A Coronavac já foi chamada por bolsonaristas de "vacina chinesa do Doria", mas agora, após várias derrotas, o Planalto corre atrás do imunizante. Para o vice-presidente Hamilton Mourão, essa disputa ideológica muitas vezes é prejudicial ao governo. "Eu acho que, em determinados momentos, nossos apoiadores mais radicais se perdem", disse o vice-presidente, recorrendo à imagem do futebol. Logo depois, abriu um sorriso. "É aquele atacante que corre demais com a bola e sai com ela pela linha de fundo", emendou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.