O governo de Minas Gerais admitiu, nesta quinta-feira (28/01), que as conversas com o laboratório chinês Sinopharm, que visavam à produção e a testagem de vacinas contra a COVID-19, ‘não evoluíram da forma desejada’. O Estado de Minas mostrou que a farmacêutica havia firmado um acordo inicial com o Executivo para a produção e testes clínicos dos imunizantes, que naufragou após uma gafe diplomática.
Segundo texto encaminhado pela Secretaria de Estado de Saúde, a empresa deixou de apresentar informações importantes sobre o processo produtivo. “Durante a pandemia, o tempo de ações e de negociações deve ser o mais rápido possível, desde que não comprometa as questões de segurança. Sem acesso a essas informações e a dados estratégicos, não é possível concluir uma tratativa”, diz trecho do texto.
O Executivo estadual aponta, ainda, a ausência de informações sobre as fases iniciais de produção da vacina. O memorando de entendimentos assinado pelas partes — obtido pelo Estado de Minas — mostra o princípio de acordo para cooperação em teste clínicos de fase 3, transferência de tecnologia e distribuição das doses.
O governo do estado afirma, ainda, estar aberto a negociações com laboratórios e afirma que, para a adequada produção dos imunizantes, além da transferência de tecnologia, seria necessário aprimorar a planta de trabalho da Funed .
O comunicado certamente deixa muitas perguntas sem resposta, como por exemplo: "Se o laboratório deixou de apresentar os estudos das fases 1 e 2, o que comprometeria questões de segurança, por que o governo prosseguiu com as conversas? Vale lembrar que foi a Sinopharm - e não o estado - quem interrompeu a cooperação técnica. Este e outros questionamentos foram encaminhados ao Executivo.
Quanto à gafe diplomática, o Secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, admitiu à TV Globo que uma reunião acabou desmarcada por conta do fuso-horário. A reportagem tentou, durante toda a tarde, entrevistar o chefe da saúde estadual, sem sucesso.