Jornal Estado de Minas

Bolsonaro volta a condenar o isolamento social por causa da COVID-19


Brasília – Um dia depois de o Brasil atingir a marcar de 220 mil mortes pela COVID-19, o presidente Jair Bolsonaro criticou as medidas de governadores e prefeitos que incentivam o isolamento social como forma de evitar a proliferação da doença. Além disso, reclamou do fechamento do comércio e disse que os brasileiros não podem parar de trabalhar por causa da pandemia. “A política de fechar tudo e ficar em casa não deu certo. O povo brasileiro é forte, não tem medo do perigo. Sabemos quem são os vulneráveis: os mais idosos e os com comorbidade. O resto tem que trabalhar”, esbravejou Bolsonaro durante cerimônia de inauguração de uma ponte sobre o Rio São Francisco, na BR-101, que liga Propriá (SE) a Porto Real do Colégio (AL).





Bolsonaro pediu aos governadores e prefeitos que não restrinjam as atividades comerciais e deixem de promover medidas de isolamento social. “Entendam, cada vez mais, o isolamento, o lockdown, o confinamento nos leva para a miséria. E eu sempre disse lá atrás: a economia anda de mãos dadas com a vida. A vida sem recursos, a vida sem emprego torna-se muito difícil”, disse Bolsonaro.

“Meu pai sempre me ensinou: coloque-se no lugar das outras pessoas antes de tomar uma decisão. Se eu fosse um dos muitos de vocês que fosse obrigado a ficar em casa, ver a esposa com três, quatro filhos e não ter, como chefe do lar, como levar comida para casa, eu me envergonharia. Assim sendo, o apelo que eu faço a todos do Brasil: reformulem essa política”, acrescentou.


COLLOR


Bolsonaro classificou seu trabalho como "missão espinhenta". Amparado pelo ex-presidente e senador Fernando Collor (Pros-AL), o chefe do Executivo fez um discurso em Sergipe afirmando que político tem de ter "couro grosso". "É uma honra, é uma missão e sabemos, presidente Collor, que a missão é espinhenta. E o político bem sabe que, para enfrentar desafios, ele tem que ter couro grosso", afirmou Bolsonaro. Collor participou e discursou na cerimônia, assim como ministros do governo.





O senador, que renunciou à Presidência da República durante processo de impeachment, em 1992, afirmou que é preciso manter Bolsonaro no cargo até o último dia do mandato. Collor minimizou as críticas que Bolsonaro vem sofrendo recentemente e pediu que o presidente “em momento nenhum se apoquente” com elas. Nesta semana, o presidente foi alvo de muitas reclamações por causa da revelação de dados sobre o gasto do governo federal com comida. Levantamento feito pela Associação Contas Abertas junto ao portal Painel de Compras, do Ministério da Economia, mostrou que os gastos apenas com leite condensado em 2020 somaram R$ 18,5 milhões, volume 72,9% superior aos R$ 10,7 milhões contabilizados em 2019.

De acordo com Collor, contudo, isso é “algo criado do nada” e as críticas “feitas aos borbotões” contra Bolsonaro são “fruto de uma completa desinteligência, de uma absoluta desinformação”. O ex-presidente da República ainda comentou que “isso aí é uma chuva” e que Bolsonaro vai sair dessa situação rapidamente porque tem “um capote muito robusto”.

“O presidente vem enfrentando uma tempestade em função do nada, de algo criado do nada. Mas eu tenho certeza, posso dizer ao presidente Jair Bolsonaro, que em momento nenhum fique desestimulado em função dessas críticas. É uma chuva que rapidamente vai passar, porque o capote de Vossa Excelência é muito robusto. É um capote que tem o apoio copioso da população brasileira e o apoio fundamental da classe política brasileira, que no Congresso Nacional lhe dá sustentação para exercer o papel que lhe foi destinado pela força do voto popular em favor dos brasileiros”, comentou Collor.





“Como presidente da República, cabe-lhe, portanto, cumprir a sua missão, e ela vem sendo cumprida apesar dos dissabores que Vossa Excelência vem enfrentando. Mas, como disse, tenho certeza de que, para um bom comandante, basta esperar os bons ventos e ter o seu norte bem definido para levar esta grande nave que é a nação Brasil a um bom termo e a um porto seguro”, acrescentou.

No evento, Bolsonaro voltou a reagir às críticas que tem recebido pelo gasto de R$ 15 milhões com leite condensado por órgãos da administração federal em 2020. "Quando falam de leite condensado, não tem o que falar de mim, pô?", declarou. Mais cedo, ao chegar a Aracaju, o presidente cumprimentou apoiadores. Ele foi questionado sobre a repercussão dos gastos federais. Mais uma vez, atacou a imprensa. "É para enfiar no rabo de jornalista", respondeu Bolsonaro, apontando o dedo para quem fez a pergunta, de acordo com vídeos divulgados nas redes sociais.

OBRA


O presidente participou ontem da inauguração de ponte na BR-101, ligando Sergipe e Alagoas. A cerimônia faz parte de série de viagens que Bolsonaro e a comitiva fazem ao Nordeste para entrega de obras de infraestrutura. 

As obras da ponte começaram em junho de 2013 e foram concluídas em setembro de 2016. Mas restava para a entrega da obra o nivelamento das cabeceiras da pista, que tiveram início em 2019. 

Acompanharam o presidente os ministros do Turismo, Gilson Machado, da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, o senador Fernando Collor (Pros) e o governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD).





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