O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que o governo nada tem a temer por conta do inquérito aberto para a investigação de eventual omissão do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em relação à crise de saúde no Amazonas. A declaração ocorreu após visita do chefe do Executivo a uma loja de motos em Brasília.
O mandatário ainda elogiou o trabalho desenvolvido pelo general e alegou que a investigação partiu da ação de "pequenos partidos de esquerda que procuram o Supremo Tribunal Federal para tudo. Pode investigar o Pazuello, não tem problema. Não há omissão, ele trabalha de domingo a domingo, vira noite. Eu duvido que com outra pessoa teria a resposta que ele está dando. Ele faz tudo o que é possível. Agora, numa investigação como essa, nós não temos nada a temer", apontou.
Bolsonaro rebateu as críticas a Pazuello e teceu elogios. O presidente completou que a competência é estadual em relação ao estoque de oxigênio. "O trabalho é excepcional do Pazuello, é um tremendo de um gestor. Nós, no Amazonas, mandamos R$ 9 bilhões pra lá. Não é competência nossa e nem atribuição levar o oxigênio pra lá, damos os meios”, concluiu.
INQUÉRITO
Por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, a Polícia Federal abriu inquérito contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para apurar se houve omissão do general diante do colapso na rede de saúde do estado do Amazonas. A situação chegou ao ápice no último dia 14, quando os hospitais relataram falta de cilindros de oxigênio e mortes de pacientes por asfixia.
O prazo inicial do inquérito é de 60 dias. A abertura da investigação é uma resposta ao pedido enviado ao STF na última semana pelo procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras. Após receber denúncia pelo partido Cidadania, que alegou que Pazuello pode ter cometido os crimes de prevaricação e de improbidade administrativa, o PGR recomendou à Suprema Corte a instauração de uma investigação contra o ministro da Saúde.
Lewandowski determinou que Pazuello tenha cinco dias, após intimação, para prestar depoimento, e que sejam enviados os autos à autoridade policial. A situação do ministro se complicou depois que o próprio governo assumiu que a pasta sabia da iminência da falta de oxigênio desde 8 de janeiro, o que foi depois confirmado pelo próprio general.