Quarenta e quatro anos depois que um representante mineiro - Magalhães Pinto, durante a ditadura militar – presidiu o Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM) é eleito primeiro senador por Minas Gerais do Brasil redemocratizado (6ª República). A candidatura à presidência do Senado Federal e Congresso Nacional se apresentou nítida e pavimentada, assim que o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria em 6 de dezembro de 2020, sacramentando o entendimento constitucional que veda a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.
Diferentemente de Rodrigo Maia (DEM-RJ), abatido pela mesma decisão, o radar de Davi Acolumbre (DEM-AP) já tinha delineado o seu plano B: aos 44 anos, o senador mineiro democrata Rodrigo Pacheco, advogado especialista em direito penal, foi a escolha amadurecida.
Com capacidade de diálogo da esquerda à extrema direita, trânsito entre empresários, - alguns dos quais foram clientes de escândalos como o do Mensalão - Rodrigo Pacheco pode ser descrito como democrata liberal, defensor do estado laico, diálogo fácil com empresários, hábil articulador, crítico da judicialização da política, da espetacularização das investigações comandadas pelos órgãos de controle, tendo deixado a sua marca como relator no Senado, da lei contra o abuso de autoridade (Lei nº 13.869/19), em vigor desde 3 de janeiro de 2020.
As circunstâncias aliadas à habilidade de costura deram a Rodrigo Pacheco amplo leque de sustentação.Se por um lado Davi Acolumbre levou-o a Jair Bolsonaro, ali assumindo o compromisso de não promover ou estimular o processo de impeachment; por outro lado, a bancada do PT no Senado, formada por seis parlamentares e liderada por Rogério Carvalho (SE) – próximo a Acolumbre - , decidiu sustentar o senador do DEM com o compromisso de que a Casa lutará contra qualquer tentativa de ruptura institucional democrática. Ao mesmo tempo, petistas negociaram ampliar a sua participação nas comissões temáticas do Senado, atualmente, restrita à Comissão de Direitos Humanos.
O senador Antonio Anastasia (PSD), vice-presidente da Mesa na gestão Acolumbre, que foi um nome aventado por sua legenda para concorrer, preferiu respaldar a candidatura de Rodrigo Pacheco, inclusive ajudando na interlocução com o prefeito Alexandre Kalil (PSD), de cujo aval o seu partido dependia para formalizar o apoio a Pacheco. A reunião que formalizou o apoio do PSD a Rodrigo Pacheco – segundo maior bancada na Casa - aconteceu na casa de Kalil, com a participação de Gilberto Kassab e Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O prefeito da capital mineira e o senador democrata lideram grupos políticos adversários no estado, que miram o governo de Minas em 2022. Com a eleição de Pacheco ao Senado, o projeto dele de governar Minas estará momentaneamente adiado. Mas, não esquecido. É fato que Pacheco alcança visibilidade nacional, além de poder de articulação para recolocar Minas Gerais nas linhas de investimento do governo federal, o que ampliará o seu cacife eleitoral.
Na política, a trajetória de Rodrigo Pacheco, esse senador nascido em Porto Velho (RO) e criado em Passos, no Sul de Minas, é recente e a meteórica ascensão, planejada. Disputou a primeira eleição em 2014. Com apoio de parcela do empresariado mineiro, escolheu o MDB para concorrer a uma cadeira na Câmara dos Deputados. Elegeu-se pela coligação proporcional com o PT, o PCdoB, o Pros e o PRB (hoje chamado de Republicanos) que, na ocasião, respaldou formalmente a chapa ao governo de Minas de Fernando Pimentel (PT) e do então deputado federal Antônio Andrade – que também era presidente mineiro do MDB. Embora não tenha protagonizado as articulações em Minas pelo impedimento de Dilma Rousseff, como por exemplo o à época o fez o senador Aécio Neves (PSDB), Rodrigo Pacheco votou em 2016 favoravelmente, admitindo ser o processo não apenas jurídico, mas também político.
Ainda em 2016, Rodrigo Pacheco concorreu às eleições municipais à Prefeitura de Belo Horizonte pelo então MDB, percebendo naquele momento uma oportunidade para se firmar como uma terceira via à polarização entre petistas e tucanos no estado. Naquela disputa sem candidato à reeleição e com 11 nomes na corrida, Pacheco chegou em terceiro lugar, derrotado pelo atual prefeito Alexandre Kalil que, no segundo turno, enfrentou o tucano e deputado estadual João Leite (PSDB).
Por essa época, Pacheco já acalentava o sonho de concorrer ao governo de Minas. Manteve proximidade política com o PSDB de Aécio Neves e de Antonio Anastasia, que viam nele uma possibilidade à sucessão de Alberto Pinto Coelho, vice-governador que assumiu o Palácio Tiradentes após a desincompatibilização de Antonio Anastasia em abril de 2018 para concorrer ao Senado.
Naquele início de 2018, ainda filiado ao MDB, Rodrigo Pacheco, percebeu, contudo, que não haveria espaço naquela legenda para concorrer ao governo de Minas. O MDB abria o calendário daquele ano acreditando que reeditaria a coligação para a reeleição de Fernando Pimentel em Minas. Com o apoio de Aécio Neves, foi então articulado o convite para que Rodrigo Pacheco se filiasse ao DEM, formalizado pelo então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Já filiado ao DEM, Rodrigo Pacheco lançou a sua candidatura ao governo de Minas, em princípio, negando aceitar qualquer articulação que não lhe concedesse a cabeça da chapa. Naquela conjuntura explosiva, contudo, em que Aécio Neves se viu envolvido em escândalo que ameaçava a sobrevivência do PSDB de Minas, as articulações para a chapa tucana se afunilaram para a candidatura do senador Antonio Anastasia em chapa que tinha por vice o então deputado federal Marcos Montes (PSD). Em articulação com o PSDB, o DEM nacional trabalhou para a repetição da coligação entre as duas legendas, aliadas históricas em Minas.
Rodrigo Pacheco retirou a sua candidatura ao governo de Minas, lançou-se ao Senado, recebendo apoio prioritário e incondicional de Anastasia . Rodrigo Pacheco foi indicado duas vezes para assumir o Ministério da Justiça. Em 2017, no governo de Michel Temer, pela bancada federal do MDB quando o titular do cargo, Alexandre de Moraes foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A escolha, contudo, recaiu-se sobre Osmar Serraglio (MDB-PR). Em 2019, já no governo Bolsonaro, quando Sérgio Moro caiu acusando o presidente da República de interferências indevidas na Polícia Federal para uma “ação entre amigos”, o próprio David Acolumbre e líderes partidários da base, ofereceram a Jair Bolsonaro Rodrigo Pacheco para o cargo. A articulação não avançou.
Entre as posições políticas de maior destaque que assumiu em seu mandato parlamentar na Câmara dos Deputados, está a presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) em 2017. Na CCJ, foi responsável por analisar duas denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer no âmbito da Operação Lava Jato, após a delação de executivos da JBS incriminar o político em atos de corrupção durante o cargo. Ao mesmo tempo em que nomeou dois mineiros, - o deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB) e o falecido Bonifácio de Andrada (PSDB) - ambos aliados de Temer, para a relatoria, Pacheco se absteve de votar em plenário.
Wenceslau Braz - 1910 - 1914
Delfim Moreira - 1918 - 1920 (cargo vago por morte)
Bueno da Silva - 1920 - 1922 Fernando de Mello Vianna - 1926 - 1930 (presidente até o Congresso ser dissolvido)
*Desde a redemocratização, apenas Arlindo Porto (PTB) representou MG na disputa, em 2001.
Diferentemente de Rodrigo Maia (DEM-RJ), abatido pela mesma decisão, o radar de Davi Acolumbre (DEM-AP) já tinha delineado o seu plano B: aos 44 anos, o senador mineiro democrata Rodrigo Pacheco, advogado especialista em direito penal, foi a escolha amadurecida.
Com capacidade de diálogo da esquerda à extrema direita, trânsito entre empresários, - alguns dos quais foram clientes de escândalos como o do Mensalão - Rodrigo Pacheco pode ser descrito como democrata liberal, defensor do estado laico, diálogo fácil com empresários, hábil articulador, crítico da judicialização da política, da espetacularização das investigações comandadas pelos órgãos de controle, tendo deixado a sua marca como relator no Senado, da lei contra o abuso de autoridade (Lei nº 13.869/19), em vigor desde 3 de janeiro de 2020.
As circunstâncias aliadas à habilidade de costura deram a Rodrigo Pacheco amplo leque de sustentação.Se por um lado Davi Acolumbre levou-o a Jair Bolsonaro, ali assumindo o compromisso de não promover ou estimular o processo de impeachment; por outro lado, a bancada do PT no Senado, formada por seis parlamentares e liderada por Rogério Carvalho (SE) – próximo a Acolumbre - , decidiu sustentar o senador do DEM com o compromisso de que a Casa lutará contra qualquer tentativa de ruptura institucional democrática. Ao mesmo tempo, petistas negociaram ampliar a sua participação nas comissões temáticas do Senado, atualmente, restrita à Comissão de Direitos Humanos.
O senador Antonio Anastasia (PSD), vice-presidente da Mesa na gestão Acolumbre, que foi um nome aventado por sua legenda para concorrer, preferiu respaldar a candidatura de Rodrigo Pacheco, inclusive ajudando na interlocução com o prefeito Alexandre Kalil (PSD), de cujo aval o seu partido dependia para formalizar o apoio a Pacheco. A reunião que formalizou o apoio do PSD a Rodrigo Pacheco – segundo maior bancada na Casa - aconteceu na casa de Kalil, com a participação de Gilberto Kassab e Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O prefeito da capital mineira e o senador democrata lideram grupos políticos adversários no estado, que miram o governo de Minas em 2022. Com a eleição de Pacheco ao Senado, o projeto dele de governar Minas estará momentaneamente adiado. Mas, não esquecido. É fato que Pacheco alcança visibilidade nacional, além de poder de articulação para recolocar Minas Gerais nas linhas de investimento do governo federal, o que ampliará o seu cacife eleitoral.
Na política, a trajetória de Rodrigo Pacheco, esse senador nascido em Porto Velho (RO) e criado em Passos, no Sul de Minas, é recente e a meteórica ascensão, planejada. Disputou a primeira eleição em 2014. Com apoio de parcela do empresariado mineiro, escolheu o MDB para concorrer a uma cadeira na Câmara dos Deputados. Elegeu-se pela coligação proporcional com o PT, o PCdoB, o Pros e o PRB (hoje chamado de Republicanos) que, na ocasião, respaldou formalmente a chapa ao governo de Minas de Fernando Pimentel (PT) e do então deputado federal Antônio Andrade – que também era presidente mineiro do MDB. Embora não tenha protagonizado as articulações em Minas pelo impedimento de Dilma Rousseff, como por exemplo o à época o fez o senador Aécio Neves (PSDB), Rodrigo Pacheco votou em 2016 favoravelmente, admitindo ser o processo não apenas jurídico, mas também político.
Ainda em 2016, Rodrigo Pacheco concorreu às eleições municipais à Prefeitura de Belo Horizonte pelo então MDB, percebendo naquele momento uma oportunidade para se firmar como uma terceira via à polarização entre petistas e tucanos no estado. Naquela disputa sem candidato à reeleição e com 11 nomes na corrida, Pacheco chegou em terceiro lugar, derrotado pelo atual prefeito Alexandre Kalil que, no segundo turno, enfrentou o tucano e deputado estadual João Leite (PSDB).
Por essa época, Pacheco já acalentava o sonho de concorrer ao governo de Minas. Manteve proximidade política com o PSDB de Aécio Neves e de Antonio Anastasia, que viam nele uma possibilidade à sucessão de Alberto Pinto Coelho, vice-governador que assumiu o Palácio Tiradentes após a desincompatibilização de Antonio Anastasia em abril de 2018 para concorrer ao Senado.
Naquele início de 2018, ainda filiado ao MDB, Rodrigo Pacheco, percebeu, contudo, que não haveria espaço naquela legenda para concorrer ao governo de Minas. O MDB abria o calendário daquele ano acreditando que reeditaria a coligação para a reeleição de Fernando Pimentel em Minas. Com o apoio de Aécio Neves, foi então articulado o convite para que Rodrigo Pacheco se filiasse ao DEM, formalizado pelo então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Já filiado ao DEM, Rodrigo Pacheco lançou a sua candidatura ao governo de Minas, em princípio, negando aceitar qualquer articulação que não lhe concedesse a cabeça da chapa. Naquela conjuntura explosiva, contudo, em que Aécio Neves se viu envolvido em escândalo que ameaçava a sobrevivência do PSDB de Minas, as articulações para a chapa tucana se afunilaram para a candidatura do senador Antonio Anastasia em chapa que tinha por vice o então deputado federal Marcos Montes (PSD). Em articulação com o PSDB, o DEM nacional trabalhou para a repetição da coligação entre as duas legendas, aliadas históricas em Minas.
Rodrigo Pacheco retirou a sua candidatura ao governo de Minas, lançou-se ao Senado, recebendo apoio prioritário e incondicional de Anastasia . Rodrigo Pacheco foi indicado duas vezes para assumir o Ministério da Justiça. Em 2017, no governo de Michel Temer, pela bancada federal do MDB quando o titular do cargo, Alexandre de Moraes foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A escolha, contudo, recaiu-se sobre Osmar Serraglio (MDB-PR). Em 2019, já no governo Bolsonaro, quando Sérgio Moro caiu acusando o presidente da República de interferências indevidas na Polícia Federal para uma “ação entre amigos”, o próprio David Acolumbre e líderes partidários da base, ofereceram a Jair Bolsonaro Rodrigo Pacheco para o cargo. A articulação não avançou.
Entre as posições políticas de maior destaque que assumiu em seu mandato parlamentar na Câmara dos Deputados, está a presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) em 2017. Na CCJ, foi responsável por analisar duas denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer no âmbito da Operação Lava Jato, após a delação de executivos da JBS incriminar o político em atos de corrupção durante o cargo. Ao mesmo tempo em que nomeou dois mineiros, - o deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB) e o falecido Bonifácio de Andrada (PSDB) - ambos aliados de Temer, para a relatoria, Pacheco se absteve de votar em plenário.
Mineiros que presidiram o Senado Federal
Primeira República (1889-1930)
Afonso Pena - 1902 - 1906Wenceslau Braz - 1910 - 1914
Delfim Moreira - 1918 - 1920 (cargo vago por morte)
Bueno da Silva - 1920 - 1922 Fernando de Mello Vianna - 1926 - 1930 (presidente até o Congresso ser dissolvido)
Segunda República (1930-1937)
Waldomiro Magalhães - 1936 (entre março e maio)Ditadura Militar (1964-1985)
Magalhães Pinto (Arena) - 1975-1976*Desde a redemocratização, apenas Arlindo Porto (PTB) representou MG na disputa, em 2001.