Um material divulgado por André Marinho, filho do empresário Paulo Marinho - suplente de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no Senado Federal -, mostra o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, dizendo que Jair Bolsonaro (sem partido) o recomendou processar o filho Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) após ataques feitos pelo vereador do Rio de Janeiro na internet.
"Me lembro de outra conversa [com Jair Bolsonaro]. Nesse dia, estávamos eu, ele [Jair Bolsonaro] e os deputados Julian Lemos, da Paraíba, que foi uma das pessoas que mais ajudou o Jair a chegar lá [no Planalto] - ele coordenou a campanha em todo o Nordeste. Estávamos nós três aqui", afirmou Bebianno, que relatou os ataques feitos por Carlos Bolsonaro na internet.
O vídeo foi divulgado por André Marinho durante uma entrevista ao programa "Flow Podcast". As imagens mostram Gustavo Bebianno, que morreu após um infarto em março do ano passado. O material, no entanto, foi produzido seis dias antes de sua morte. O conteúdo é um relato de Bebianno sobre a campanha presidencial de Jair Bolsonaro em 2018 (veja abaixo).
"Num dia anterior, o Carlos tinha irritado muito a todos nós por conta de ataques infundados, gratuitos, que ele tinha feito nas redes sociais em relação a uma série de pessoas, inclusive da equipe de comunicação, que trabalhavam muito aqui para que o projeto fosse bem sucedido.”
Foi então que, de acordo com o relato de Bebianno, Jair Bolsonaro sugeriu ao então braço-direito durante a campanha presidencial que processasse Carlos por causa das postagens. O ex-ministro disse que o candidato, na ocasião, teria afirmado que o “moleque tem que aprender”.
“O Carlos disparou a metralhadora giratória por conta da ciumeira. Nesse dia, o Jair virou pra mim e falou assim: 'Gustavo, processa ele! Processa ele!' E eu disse: 'Capitão, os seus filhos, não'. E ele disse: "Mas o moleque tem que aprender. Tá na hora de ele aprender'”, relatou Bebianno.
Gustavo Bebianno seguiu falando de Carlos Bolsonaro, dizendo que os ataques feitos pelo vereador do Rio de Janeiro nas redes sociais fazem mal às pessoas.
"Talvez tivesse sido um acerto ter seguido a orientação dele, processado o Carlos. Talvez, se ele tivesse tomado um susto, amadurecesse um pouco, porque ele não tem a mínima ideia do mal que ele faz às pessoas", contou.
Oferta de ministério
No mesmo vídeo, Gustavo Bebianno contou sobre outra conversa que teve com Jair Bolsonaro em 2018. No diálogo, o candidato à presidência teria prometido o Ministério da Justiça para Bebianno, desde que ele trabalhasse a paciência. Na visão de Bolsonaro, o braço-direito tinha o “pavio muito curto”.
"Ele virou e falou: “Gustavo, você está isso aqui pra se tornar o próximo ministro da Justiça. Só que você precisa alongar o seu pavio. Você tem um pavio muito curto, e no mundo político tem que ter muita tolerância. Não pode pisar no calo de um deputado federal, senador, porque um movimento errado desses pode abrir uma crise com final imprevisível para o governo. Eu confio em você'.”
Bebianno disse que não fez questão de chefiar nenhum ministério, que pediu apenas lealdade por parte de Bolsonaro. "Eu falei pra ele que não sabia se estava preparado para a função, se era isso o que eu queria, se seria essa a melhor contribuição que eu poderia dar para o meu país e para o governo dele", concluiu.
Gustavo Bebianno foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência por pouco mais de um mês, entre janeiro e fevereiro, até ser demitido - o primeiro dispensado das pastas do governo federal. Problemas com candidaturas laranjas do PSL, da época em que Bebianno presidia interinamente a legenda e problemas com Carlos Bolsonaro fizeram o antigo braço-direito de Jair Bolsonaro perder força no cargo.