No cartão de vacinação contra a COVID-19 que Bolsonaro apresentou na última quinta-feira (18/2) como sendo de sua mãe há indícios de que a idosa tomou CoronaVac - e não o imunizante de Oxford/AstraZeneca, como afirma o presidente.
A hipótese foi levantada na madrugada desta segunda-feira (22/2) por Diogo Schelp, colunista do site UOL.
Segundo Schelp, no documento atribuído a Olinda Bonturi Bolsonaro, exibido pelo mandatário em sua live semanal, consta um número de lote compatível com o produto chinês e não com a dose produzida pela Fiocruz.
Outra pista de que a senhora não teria recebido o composto de Oxford é a data prevista para a dose reforço: 5 de março, 22 dias após a aplicação da primeira dose. O intervalo é compatível com o esquema vacinal da CoronaVac. A substância do Reino Unido prevê revacinação dentro de três meses.
Aos 93 anos, Olinta Bolsonaro foi vacinada em casa, na cidade de Eldorado, no interior de São Paulo.
O comprovante apresentado pelo presidente foi preenchido com o nome completo da idosa, data de inoculação da primeira dose (12/02/2021), lote da vacina (200278), nome do fabricante (Oxford), nome do aplicador (Walter) e do registro profissional dele (317.633). A lápis, consta ainda a data recomendada para a segunda dose - (05/03/2021).
De acordo com Schelp, o lote 200278 aparece no site do Instituto Butantan como um dos dezesseis da CoronaVac que receberam autorização emergencial da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 22 de janeiro.
Os lotes da vacina de Oxford distribuídos em São Paulo, observa o colunista, são diferentes: 4120Z004 e o 4120Z005.
Schelp argumenta, por fim, que dados oficiais do governo federal indicam que nenhum morador de Eldorado recebeu a vacina de Oxford em 12 de fevereiro, data em que a mãe do presidente teria sido vacinada.
Informações publicadas no site do Ministério da Saúde apontam que as últimas dez doses desse imunizante foram administradas três dias antes, em 9 de fevereiro.