Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta não poupa palavras ao criticar a atual gestão da pasta. Ao Estado de Minas, ele garantiu que, se ainda estivesse no governo Jair Bolsonaro (sem partido) não teria o general Eduardo Pazuello, chefe do ministério desde maio, como um dos integrantes de sua equipe. Questionado sobre as origens dos problemas da pasta, não titubeou ao cravar a “incompetência” como motivo.
“(O problema) é de incompetência. Se eu estivesse no Ministério da Saúde, ele (Pazuello) não seria da minha equipe de trabalho. Ele não sabe trabalhar a saúde. Cada um no seu quadrado. Não sei pilotar avião; não adianta me colocar lá, pois terei a autocrítica de falar que, se eu pilotar, vou derrubar a aeronave e matar pessoas. Ele é de Exército. A logística dele é para comprar botinas e coldres, montar barracas. Ele quer matar o inimigo dele. E, no caso da saúde, não é assim. Ele não tem a competência para isso. É errado”, disparou, nessa quarta-feira (24/02).
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“O ministro Pazuello se comunica muito mal. Eu costumo dizer que, se a gente tivesse o Mandetta comunicando e o Pazuello trabalhando, a gente tinha a dupla ideal. Quando você conversa com prefeitos e governadores, prefeitos de capitais, ninguém se queixa do Ministério da Saúde. Agora, se comunica muito mal. Para essa questão da vacina e do vírus, nós não temos uma receita de bolo. Você não pode ser condenado porque foi de um jeito ou de outro. Precisa trabalhar todo mundo junto”, sustentou Lira.
“Ele não é do ramo. Não sabe trabalhar a saúde. Está aprendendo — e falou que não conhecia o SUS”, completou Luiz Henrique Mandetta, à reportagem.
‘General-geral da saúde’
Mandetta crê que Pazuello encara os trabalhos no Ministério da Saúde por meio da lógica militarista. O ex-chefe da pasta reprova o pensamento.
“Ele acha que um secretário municipal de Saúde é uma espécie de cabo, que um secretário estadual é uma espécie de major e, ele, uma espécie de general-geral de saúde. E as pessoas não existem; são apenas massa. Não pode ser desse jeito. A pessoa está trazendo problemas muito grandes à vida das famílias brasileiras, com a nomeação e a concordância do presidente da República”.
A entrevista
O Estado de Minas publica, nesta quinta (25), trechos de entrevista exclusiva com Luiz Henrique Mandetta. A conversa ocorreu às vésperas do primeiro caso de COVID-19 no país, registrado em 26 de fevereiro do ano passado, completar um ano. À ocasião, ele era o ministro da Saúde. A íntegra vai ao ar nesta sexta (26), nas páginas impressas do jornal e na internet.