O presidenciável Fernando Haddad (PT) acredita que Jair Bolsonaro (sem partido) não debate temas de interesse nacional. Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, nesta quinta-feira (25/02), ele criticou a postura do chefe do Executivo nacional. O petista lembrou tópicos, como a edição de decretos que flexibilizam o acesso a armas de fogo e a defesa de medicamentos sem eficácia comprovada contra a COVID-19.
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Haddad sobre Kalil: 'Se não conversarmos, não vamos ter país para governar'Kalil tem 74% de aprovação à frente da prefeitura de BH, diz pesquisaBrasil enfrenta 'megaepidemia com viés de alta', diz Mandetta sobre COVID“Existe uma camada enorme da população que não aceita os termos que Bolsonaro coloca para o país. Que não aceita essa guerra que ele está querendo deflagrar. Bolsonaro está preparando até uma guerra civil, dependendo do resultado eleitoral de 2022. É uma pessoa que está armando as milícias do país como aconteceu na Bolívia. A bandidagem está comprando armas graças aos decretos de liberalização. Ele é uma pessoa muito instável psicologicamente falando e perigosa”, afirmou.
O ex-prefeito de São Paulo também lembrou dos ataques feitos pelo presidente a instituições democráticas, como o Supremo Tribunal Federal (STF). Em maio do ano passado, Bolsonaro esteve em um ato antidemocrático contra a Suprema Corte. Ele chegou a garantir que não admitiria mais 'interferências'.
“Bolsonaro está fugindo do debate o tempo todo, só fala do que interessa. Interessa a ele, não ao país. Fica falando de cloroquina, quantas vezes ele pronunciou a palavra cloroquina no último ano? Você já fez essa conta? Quantas pessoas foram levadas à morte por entender, acharem, que tinha tratamento precoce para COVID-19, por causa do Bolsonaro? Quantas ameaças ele fez às instituições do país? Isso é o que temos que discutir”, defendeu.
Decretos sobre armas
Neste mês, o presidente publicou quatro decretos sobre armas. Com as alterações, cidadãos comuns aptos a adquirir revólveres poderão ter até seis exemplares – e não quatro. O laudo de capacidade técnica exigido para atiradores e caçadores poderá ser substituído por um certificado emitido por clubes de tiro. Esse grupo poderá também comprar até 2 mil munições por ano, ante o limite de 1 mil que vigorava até a edição das medidas. Comerciantes de armas de pressão, como as de chumbinho, não precisarão mais de registro no Exército.
A edição de decretos é prerrogativa do chefe do Executivo e, ao contrário de projetos de lei e propostas de emenda à Constituição (PEC), não precisa do aval do Senado e da Câmara dos Deputados para que comecem a valer. O Congresso, contudo, pode derrubá-los por meio de Projeto de Decreto Legislativo (PDL).
Agendas com mineiros
Nesta quinta, Haddad se encontra com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). A ideia é apresentar a ele o Plano de Reconstrução Nacional traçado pelo PT e discutir alternativas ao bolsonarismo. Devem estar presentes figuras como a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, e o mineiro Luiz Dulci, secretário-geral da Presidência da República entre 2003 e 2011.
Nessa quarta (24/02), Haddad foi a Brumadinho, na Região Metropolitana de BH. Ele visitou o local de rompimento da barragem do Córrego do Feijão. O ex-presidenciável esteve com a correligionária Marília Campos, prefeita de Contagem. Hoje, vai se encontrar com Margarida Salomão, de Juiz de Fora.
Essa é a primeira de uma série de viagens a serem feitas por Haddad. Ele foi prefeito de São Paulo de 2013 a 2017. Entre 2005 e 2012, foi ministro da Educação.