Jornal Estado de Minas

POLÍTICA

'Quem rouba não pode fazer parte da política', diz Fernando Haddad

O ex-ministro da Educação e candidato a presidente em 2018, Fernando Haddad (PT), é duro ao falar sobre casos de corrupção e seus reflexos na política. Ao Estado de Minas, ele afirmou que figuras que comprovadamente cometeram crimes não podem participar da vida pública do país.



“Quem rouba não pode nem fazer parte da política, desde que você nomeie a pessoa. Porque todos os partidos políticos enfrentaram investigações, que são corretas, e algumas pessoas foram perseguidas indevidamente por aqueles que tinham um projeto político de chegar ao poder. Desde que se faça a distinção — e isso vale para o para PSD, PT, PSDB, e todos os outros”, disse, nessa quinta (26).

A fala fazia menção à frase, dita pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), sobre ser “avesso a quem rouba Petrobras e a não ter vacina no Brasil’. A declaração foi dada pelo chefe do Executivo municipal a "O Globo", quando perguntado sobre o encontro que teria com Haddad na capital mineira. A reunião ocorreu nessa quinta.

“Todo mundo do PSD, por exemplo, que cometeu irregularidades, tenho certeza que o Kalil também não concorda, assim como eu não concordo com irregularidades de qualquer natureza. Pode ser do meu partido, da minha família, da minha igreja, do meu time de futebol. Não é por proximidade e amizade que vou deixar de defender a aplicação da lei. Pode ser meu filho, meu sobrinho ou quem for: lei é para ser cumprida. Mas temos de ter coragem de apontar para as pessoas que cometeram equívocos”, completou Haddad.



O PT trava batalhas jurídicas para provar a inocência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ações ligadas à Operação Lava-Jato. Embora esteja livre desde 2019, ele está impedido de participar de eleições.

Haddad pede que clã Bolsonaro seja investigado

Na mesma resposta, o presidenciável petista falou sobre questões envolvendo a família de Jair Bolsonaro (sem partido). “Um patrimônio imobiliário acumulado ao longo de 20 anos completamente incompatível com salário de deputado, dinheiro em milícia depositado na conta de parentes. Isso tudo tem que ser investigado”.

O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos três filhos de Jair, é investigado por supostas rachadinhas’ de salário dos funcionários de seu gabinete nos tempos de deputado estadual fluminense. Ele foi denunciado por por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.



Encontro entre petistas e Kalil

Ao lado de outras lideranças do PT, como a presidente nacional Gleisi Hoffman, deputada federal pelo Paraná, Haddad cumpriu agenda em Minas Gerais nesta semana. Após a reunião em que esteve presente, Kalil negou que a eleição de 2022 foi tema do assunto. Ele ressaltou que a Prefeitura de BH está aberta a políticos de diversas correntes.

"Não adianta quererem me rotular. Recebo aqui quem quiser vir, será muito bem-vindo. Esta prefeitura esteve aberta duas vezes para o Bolsonaro, (Carlos) Lupi, Marina (Silva), para todos. Não adianta querer me rotular, é uma deferência que vieram aqui fazer para tratar de temas nacionais importantes. Hoje, temos PEC, importante, tanto no Senado com a vacina, que é uma coisa importante. Foi uma conversa gentil, não se tratou de 2022, porque isso não é hora, e todos aqui já sabem e me conhecem. Eu não tenho rótulo, e não adianta me rotular."

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