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Estado de Minas PANDEMIA

'A OAS tem que mijar sangue', disse procurador da Lava-Jato em mensagem

Frase pode mudar os rumos da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)


01/03/2021 15:42 - atualizado 01/03/2021 17:03

As mensagens constam em uma nova petição, entregue nesta segunda-feira (1º/3), pela defesa de Lula ao ministro do STF Ricardo Lewandowski(foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
As mensagens constam em uma nova petição, entregue nesta segunda-feira (1º/3), pela defesa de Lula ao ministro do STF Ricardo Lewandowski (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato discutiram pelo Telegram, em 27 de agosto de 2016, a necessidade de endurecer com a empreiteira OAS antes que ela voltasse à mesa de negociação de uma delação premiada. A colaboração do então presidente da empresa, Leo Pinheiro, foi considerada essencial para confirmar a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do triplex no Guarujá.

 
 

A defesa do petista teve acesso ao material depois de receber autorização do próprio tribunal. As conversas fazem parte da Operação Spoofing, que investiga hackers que invadiram os telefones de autoridades.

Entenda o impacto

Foi Leo Pinheiro quem entregou cópias de mensagens e documentos que sustentam que o apartamento – que segundo a acusação da Lava-Jato seria de Lula – foi reformado para atender às necessidades da família do ex-presidente.

Além disso, foi ele que também confirmou que os recursos aplicados na obra saíram de um caixa de propinas que teria como fonte de receita contratos firmados com a Petrobras.

Na troca de mensagens, realizada um ano antes da prisão de Lula, os procuradores comentavam uma reportagem da revista Veja. Isso porque a delação do executivo da OAS foi interrompida pelo então procurador-geral da República, depois que a revista publicou que um dos anexos da delação citava o ministro do STF Dias Toffoli.
 
Capa da revista Veja(foto: Veja/Reprodução)
Capa da revista Veja (foto: Veja/Reprodução)
 
 
Na conversa, o procurador Diogo Castor de Mattos, compartilha duas reportagens e afirma que estão "querendo jogar a sociedade contra a Lava-Jato e distorcendo tudo".

Outra pessoa, ainda não identificada, responde que "essa reportagem só me convence de que a OAS tem que mijar sangue para voltar para a mesa".

"Pelo menos fica claro que não fomos nós", disse a pessoa, em referência ao vazamento de informações que não estavam na delação para a revista Veja.

 
Condenação de Lula

Preso em 7 de abril de 2018 após se entregar à Polícia Federal, Lula permaneceu na cadeia por 580 dias(foto: Redes Sociais/Reprodução)
Preso em 7 de abril de 2018 após se entregar à Polícia Federal, Lula permaneceu na cadeia por 580 dias (foto: Redes Sociais/Reprodução)


Em 14 de setembro de 2016, o Ministério Público Federal denunciou Lula e mais sete pessoas pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Em 20 de setembro de 2016, o juiz Sergio Moro aceitou a denúncia e Lula tornou-se réu na Operação Lava-Jato. 

Preso em 7 de abril de 2018 após se entregar à Polícia Federal, Lula permaneceu na cadeia por 580 dias. Ele foi condenado por Moro a nove anos e seis meses de prisão. Na segunda instância, a pena foi aumentada para 12 anos e um mês. 

Em abril de 2019, numa decisão unânime, a 5ª Turma do STJ manteve a condenação de Lula e reduziu a pena para oito anos e 10 meses por corrupção passiva e a de lavagem de dinheiro de 12 anos e 1 mês para oito anos e 10 meses de prisão.

Lula nega todas as acusações.

*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina


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