Jornal Estado de Minas

DIPLOMACIA

Há esforço para prejudicar imagem do Brasil no exterior, diz Ernesto Araújo


O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta terça-feira (2/3) que existe um esforço por parte de alguns segmentos para prejudicar a imagem do Brasil no exterior. As falas foram proferidas em entrevista coletiva de quase duas horas, na qual o ministro fez um balanço de sua gestão e falou sobre as relações do Brasil com países como China e Estados Unidos.



A prestação de contas se dá em um momento no qual é ventilado com mais força a possibilidade de troca da chefia do Itamaraty.

“Fala-se que a nossa gestão prejudica a imagem do Brasil no exterior. Hoje, o que nós vemos é um esforço de algumas correntes políticas no Brasil de criar uma má imagem do Brasil no exterior”, disse.

Com a formação de uma base governista no Congresso formada por partidos do Centrão, o chefe do Itamaraty passou a ter diversas críticas internas em relação à forma como conduz as relações do Brasil com outros países, como a China.

No fim do mês passado, o próprio vice-presidente Hamilton Mourão indicou que Bolsonaro poderia trocar o ministro das Relações Exteriores.

Ao falar sobre essas correntes que tentam passar uma imagem ruim do Brasil, Araújo citou como exemplo uma carta de ex-ministros do Meio Ambiente enviada a países europeus, no mês passado, no qual pedem ajuda para proteger a Amazônia.



Conforme o ministro, a ação produz uma imagem ruim e que afeta os interesses brasileiros, prejudicando a execução do acordo do Mercosul com a União Europeia, por exemplo.

“São setores que não querem esse processo de abertura no qual estamos engajados”, disse. De acordo com ele, esses grupos sabem que o ministério está criando “um conjunto de relações que transformam o velho sistema de corrupção, de atraso, a qual essas pessoas estão ligadas”. “Então, a meu ver, essa é a origem da questão da imagem”, disse.

Araújo pontuou que, por vezes, se vê a ideia de que a sua gestão é prejudicial aos interesses nacionais, na dimensão econômica e na diplomacia.

Ele afirmou, entretanto, que houve um saldo comercial nos últimos dois anos, e apontou resultados que, segundo ele, são oriundos de uma presença muito grande do Itamaraty nas negociações comerciais e atração de investimentos.

Os investimentos aumentaram em 2019, em relação a 2018, conforme o ministro, e diminuíram em 2020 devido à pandemia.

Mercosul


O ministro afirmou, ainda, que o Brasil e outros países do Mercosul estão dispostos a incluir uma declaração sobre compromisso com o meio ambiente para ratificar o acordo de livre comércio com a União Europeia.



“Não queremos reabrir a negociação. Foi uma negociação complicada, complexa, e dentro desse parâmetro de não reabrir a negociação do que já está negociado, estamos prontos a abrir com a ideia da União Europeia, o que ajudaria nesse processo de ratificação”, disse.

Ernesto Araújo afirmou que já houve uma pequena declaração, de dois ou três parágrafos, em dezembro do ano passado, dizendo que o Brasil está disposto a avançar nessa área, com combate ao desmatamento, e que isso mostrou uma boa disposição pro parte do país.

“Temos falado frequentemente com interlocutores europeus, da União Europeia, países membros, Portugal, outros países-chave, e sempre repetindo que estamos abertos”, afirmou.

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