Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Mandetta sobre falta de vacinas: 'Não dá para falar que é a burocracia'


O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, falou sobre a situação da pandemia no Brasil em transmissão ao vivo nesta terça-feira (2/3) com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. O ex-integrante do governo de Jair Bolsonaro mais uma vez advertiu sobre o fato de o país não ter seguido à risca o protocolo mais seguro de controle ao coronavírus e ter atrasado o processo de compra de vacinas.




 
 
"Tem oito meses que o Brasil assinou a entrada no Covax Facility. Não dá para falar que é a burocracia agora. Se tivéssemos agilidade para destravar a Covax, conseguir adquirir doses, estaríamos mais tranquilos", afirmou.
 
Mandetta disse que há um risco de os estados mais populosos do país terem um colapso no sistema de saúde: “O estado de Santa Catarina está mandando gente para o Espírito Santo, em diálogo direto. Minas Gerais mandando para São Paulo. A nova cepa não entrou no Sudeste, ainda não fez espiral lá. São Paulo está dando sinal de que vai ser muito duro. Segundo estado em população é Minas, terceiro é Rio. O quarto é a Bahia. Olha a quantidade em risco. O Brasil se equivocou. Não dá mais para fingir. Não dá mais para perguntar se mascara funciona”, afirmou. 

Ele mais uma vez criticou a atitude de Jair Bolsonaro em defender o fim do isolamento para incentivar o crescimento econômico e a retomada do emprego: “O Brasil vai ter tempo para se recuperar economicamente. Saúde, agora, é fundamental. Vários países que já iniciaram a vacinação darão um passo à frente, como Inglaterra, Estados Unidos, Israel. Eles vão ter a retomada do crescimento. O Brasil vai ficar pelo caminho porque atrasou a vacinação, o processo burocrático. Perderemos milhares de vida e perdemos milhões de empregos, já que até o fim da pandemia, podemos ter 16 milhões de desempregados”.





ACM Neto e Mandetta voltaram a falar que o Ministério da Saúde não teve competência para lidar com a doença. “O governo propôs a cura equivocada não é nem um pouco solidário com as famílias”, disse o ex-ministro.

O ex-prefeito de Salvador aproveitou a live para pedir compreensão dos brasileiros: “Faço um apelo para que todos possam fazer sua parte. Quando era prefeito, algo que me tirava o sono era ter um colapso na saúde, que alguém morresse em sem respirador. Continuo rezando para que tudo continue dando certo”.
 

Reaproximação 


O tom político ficou em segundo plano, mas a live selou de vez a aproximação entre ACM Neto, presidente Nacional do Democratas, e Mandetta, com vistas às eleições presidenciais de 2022. O ex-ministro fez as pazes com a cúpula do DEM, na semana passada. Ele permanecerá no partido, que se comprometeu a dar apoio logístico e de comunicação para que ele viaje pelo país, nos próximos meses, e tente tornar viável seu nome para a disputa presidencial de 2022.





A reconciliação ocorreu numa reunião na casa do ex-deputado e secretário-geral do DEM, Pauderney Avelino, em Brasília, na noite da última quarta-feira (24/2). Segundo um dos participantes, uma eventual saída de Mandetta do partido sequer foi cogitada e a conversa foi em tom amistoso. Depois que o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (RJ) rompeu com ACM Neto no rastro da eleição para o comando da Casa, avisando que deixará o DEM, surgiram rumores de que Mandetta seguiria o mesmo caminho, o que não se confirmou.

"Mandetta é um quadro muito importante que o Democratas tem. Tornou-se uma figura apreciada pelo Brasil, pelo trabalho do Ministério da Saúde, e é natural que seja uma referência do partido. Não estamos tratando neste momento de 2022, mas o Mandetta é uma figura que vai ter peso interno no DEM, nesse debate", disse ACM Neto.

A aproximação entre Mandetta e ACM Neto ocorre depois de o deputado João Roma (Republicanos-BA), aliado do ex-prefeito de Salvador, assumir o cargo de ministro da Cidadania no governo de Jair Bolsonaro.   

ACM Neto criticou publicamente a nomeação na época: "Considero lamentável a aceitação, pelo deputado João Roma, do convite do Palácio do Planalto para assumir o Ministério da Cidadania. A decisão me surpreende porque desconsidera a relação política e a amizade pessoal que construímos ao longo de toda a vida", escreveu no Twitter.




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