O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta crê que a pasta se transformou em um local responsável por “fabricar problemas''. A declaração, dada nesta quinta-feira (4/3) ao Estado de Minas, é uma resposta ao atual chefe do ministério, o general Eduardo Pazuello. Nessa quarta (3), ao reconhecer o difícil momento enfrentado pelo Brasil na pandemia de COVID-19, o militar afirmou que o governo federal não é “máquina de fabricar soluções”.
Para Mandetta, as barreiras enfrentadas pela saúde nacional decorrem, sobretudo, da “incompetência” de Pazuello. Embora seja apresentado como especialista em logística, o militar já admitiu, publicamente, ter conhecido o Sistema Único de Saúde (SUS) apenas após assumir a chefia da pasta.
“O Ministério da Saúde passou a ser uma fábrica de problemas, que ele potencializa diariamente. Ela nasce da incompetência. Você tem, hoje, um ministro armado, com coldre e revólver na cintura. Há um militar da ativa, que não é talhado para o cargo de ministro da Saúde. Quando você fala que ele não consegue produzir, é inerente à incompetência. E incompetência, aqui, não como (algo) pejorativo, mas como adjetivo daquele que não tem formação para determinada função”, disse o antigo dono do posto.
Mandetta afirma que o Ministério da Saúde não deve trabalhar para “produzir soluções”. A tarefa, na concepção do médico, é “minimizar problemas”.
“O problema é um vírus extremamente infeccioso, que desafia. A fábrica de problemas é o desmanche do SUS, que ele patrocina, a inércia na compra de vacinas, que deveria ter sido feita em agosto e setembro. A fábrica de problemas está em não ter campanha ou voz do Ministério da Saúde pedindo às pessoas para fazer distanciamento e lavar as mãos. É o ministério fazer uma nota e colocar em seu site como recomendação de tratamento precoce com cloroquina, induzindo as pessoas a um tratamento sem base científica”, disparou.
“É fábrica de problemas não fazer mapeamento genético, não saber onde a cepa está e não ter nenhum estudo consistente para a gente reconhecer nosso inimigo”, completou, em menção à necessidade de monitoramento das mutações que avançam pelo território nacional.
A fala de Pazuello sobre a inexistência da tal “máquina de soluções” ocorreu no dia em que o Brasil superou, pela terceira vez em uma semana, o recorde de mortos em 24 horas pelo coronavírus: foram 1.910, segundo o mais recente boletim do Palácio do Planalto.
O ministro pretende assinar, nesta semana, acordos com Pfizer e Janssen por vacinas. O país já soma 259.271 óbitos desde o início do surto de COVID-19. Casos são 10.718.630.
O número de baixas foi comparado por Mandetta ao efetivo militar nacional. “Se fosse uma guerra convencional – o exército brasileiro tem 250 mil homens – já teríamos, com essa condução militar do capitão e do general, aniquilado o exército inteiro”.
Ministro da saúde de janeiro de 2019 a abril do ano passado, Luiz Henrique Mandetta foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após divergências sobre o cumprimento de medidas cientificamente comprovadas para barrar a proliferação da doença.
Em seu lugar, assumiu o oncologista Nelson Teich, que ficou menos de um mês no posto.
Veio, então, Eduardo Pazuello. Anunciado como interino, o homem de confiança de Bolsonaro acabou sendo efetivado.
Jornalistas do Estado de Minas conversaram, por vídeo, com Luiz Henrique Mandetta.
Entre esta quinta (4/3) e esta sexta-feira (5/3), pílulas da entrevista serão publicadas. No domingo, vão ao ar os trechos que tratam de temas políticos, como a disputa eleitoral em 2022.
Para Mandetta, as barreiras enfrentadas pela saúde nacional decorrem, sobretudo, da “incompetência” de Pazuello. Embora seja apresentado como especialista em logística, o militar já admitiu, publicamente, ter conhecido o Sistema Único de Saúde (SUS) apenas após assumir a chefia da pasta.
“O Ministério da Saúde passou a ser uma fábrica de problemas, que ele potencializa diariamente. Ela nasce da incompetência. Você tem, hoje, um ministro armado, com coldre e revólver na cintura. Há um militar da ativa, que não é talhado para o cargo de ministro da Saúde. Quando você fala que ele não consegue produzir, é inerente à incompetência. E incompetência, aqui, não como (algo) pejorativo, mas como adjetivo daquele que não tem formação para determinada função”, disse o antigo dono do posto.
Mandetta afirma que o Ministério da Saúde não deve trabalhar para “produzir soluções”. A tarefa, na concepção do médico, é “minimizar problemas”.
“O problema é um vírus extremamente infeccioso, que desafia. A fábrica de problemas é o desmanche do SUS, que ele patrocina, a inércia na compra de vacinas, que deveria ter sido feita em agosto e setembro. A fábrica de problemas está em não ter campanha ou voz do Ministério da Saúde pedindo às pessoas para fazer distanciamento e lavar as mãos. É o ministério fazer uma nota e colocar em seu site como recomendação de tratamento precoce com cloroquina, induzindo as pessoas a um tratamento sem base científica”, disparou.
“É fábrica de problemas não fazer mapeamento genético, não saber onde a cepa está e não ter nenhum estudo consistente para a gente reconhecer nosso inimigo”, completou, em menção à necessidade de monitoramento das mutações que avançam pelo território nacional.
Histórico militar
A fala de Pazuello sobre a inexistência da tal “máquina de soluções” ocorreu no dia em que o Brasil superou, pela terceira vez em uma semana, o recorde de mortos em 24 horas pelo coronavírus: foram 1.910, segundo o mais recente boletim do Palácio do Planalto.
O ministro pretende assinar, nesta semana, acordos com Pfizer e Janssen por vacinas. O país já soma 259.271 óbitos desde o início do surto de COVID-19. Casos são 10.718.630.
O número de baixas foi comparado por Mandetta ao efetivo militar nacional. “Se fosse uma guerra convencional – o exército brasileiro tem 250 mil homens – já teríamos, com essa condução militar do capitão e do general, aniquilado o exército inteiro”.
Relembre
Ministro da saúde de janeiro de 2019 a abril do ano passado, Luiz Henrique Mandetta foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após divergências sobre o cumprimento de medidas cientificamente comprovadas para barrar a proliferação da doença.
Em seu lugar, assumiu o oncologista Nelson Teich, que ficou menos de um mês no posto.
Veio, então, Eduardo Pazuello. Anunciado como interino, o homem de confiança de Bolsonaro acabou sendo efetivado.
A entrevista
Jornalistas do Estado de Minas conversaram, por vídeo, com Luiz Henrique Mandetta.
Entre esta quinta (4/3) e esta sexta-feira (5/3), pílulas da entrevista serão publicadas. No domingo, vão ao ar os trechos que tratam de temas políticos, como a disputa eleitoral em 2022.