Jornal Estado de Minas

DISCURSO

Lula: ''A Petrobras foi bem dirigida no nosso governo''

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quarta-feira (10/3), que a Petrobras foi bem dirigida durante seu governo, entre 2003 e 2011, no primeiro discurso após recuperar os direitos políticos e se tornar elegível para as eleições gerais de 2022. O petista destacou os investimentos da empresa durante seu mandado na presidência e criticou as privatizações.





“Vocês nunca ouviram da minha boca falar em privatização. Quem acha que só iniciativa privada é boa? Uma empresa pública como a Petrobras, bem dirigida como foi no nosso governo e se tornou a quarta empresa de energia do mundo”, afirmou, em pronunciamento nesta quarta, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, cidade do interior paulista.

Lula também ressaltou os investimentos da empresa e do pré-sal. “A Petrobras investia 40 milhões de reais por ano. Nós não descobrimos o pré-sal para exportar petróleo cru, foi para exportar derivados e ter uma indústria petroquímica poderosa no Brasil. É por isso que usamos a frase 'o pré-sal é o passaporte do futuro', por isso que colocamos 50% dos royalties do petróleo na educação e também pensamos em criar um fundo do povo brasileiro”, relembrou. “Tudo isso está sendo destruído, venderam”, lamentou o ex-presidente.
 
Leia também: Lula sobre Bolsonaro: 'Presidente não é eleito para falar bobagens' 

Ele ainda fez críticas ao atual ministro da economia, Paulo Guedes, pelas privatizações. “Vocês já viram o Paulo Guedes falar uma palavra em crescimento econômico, desenvolvimento e distribuição de renda? Não, é só vender. Quando ele vender e gastar o dinheiro, o país vai ficar mais pobre, o PIB não vai crescer e a vida vai continuar crescendo. O que vai fazer nossa dívida diminuir em relação ao PIB é o investimento público”, explicou.





O pronunciamento do ex-presidente é o primeiro após a decisão do ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que na última segunda-feira (08/03), anulou as condenações em processos relacionados à Operação Lava-Jato.

Na decisão favorável a Lula, Fachin alega que a Justiça Federal do Paraná, responsável pelas sentenças, não tem competência para deliberar sobre as investigações do sítio de Atibaia, do triplex do Guarujá, e das doações ao Instituto Lula. A decisão foi tomada monocraticamente.

Os processos de Lula seguem, agora, à Justiça Federal do Distrito Federal, que vai reanalisar os casos e avaliar se parte dos autos confeccionados pela vara de Curitiba poderá ser utilizada.

A defesa de Lula havia pedido habeas corpus sobre as sentenças da Lava-Jato em novembro do ano passado. A solicitação deu origem ao relatório de Edson Fachin.




 
Leia também: Lula: 'Fui vítima da maior mentira jurídica em 500 anos de história' 

No texto, o magistrado argumenta que não há como associar a Petrobras à Odebrecht, cuja relação com Lula está no cerne dos processos.

“Não há, contudo, o apontamento de qualquer ato praticado pelo paciente no contexto das específicas contratações realizadas pelo Grupo Odebrecht com a Petrobras S/A, o que afasta, por igual, a competência da 13ª Vara Federal de Curitiba ao processo e julgamento das acusações”, lê-se em trecho do documento.

A decisão de segunda anula o pedido de suspeição de Moro, também solicitada por Lula em outro habeas corpus.

Histórico

Em 14 de setembro de 2016, o Ministério Público Federal denunciou Lula e mais sete pessoas pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Em 20 de setembro de 2016, Moro aceitou a denúncia e Lula tornou-se réu na Operação Lava-Jato.





Preso em 7 de abril de 2018 após se entregar à Polícia Federal, Lula permaneceu na cadeia por 580 dias. Ele foi condenado por Moro a nove anos e seis meses de prisão.

Na segunda instância, a pena foi aumentada para 12 anos e um mês. Em abril de 2019, numa decisão unânime, a 5ª Turma do STJ manteve a condenação de Lula e reduziu a pena para oito anos e 10 meses por corrupção passiva e a de lavagem de dinheiro de 12 anos e 1 mês para oito anos e 10 meses de prisão.

Lula está livre desde novembro de 2019, quando a prisão em segunda instância foi derrubada. 

audima