A reunião plenária desta quarta-feira (24/3) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) foi marcada por dissonâncias em torno do uso de medicamentos como a hidroxicloroquina e a ivermectina para tratar o novo coronavírus. Médicos, os deputados Carlos Pimenta (PDT) e Doutor Jean Freire (PT) abordaram o tema. Enquanto Pimenta se mostrou favorável ao “tratamento precoce”, Freire lembrou que as substâncias não podem ser distribuídas livremente como “política pública” de combate à doença.
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Rosto de mandato coletivo na Câmara de BH, Sônia Lansky renunciaBH aumenta número de UTIs para COVID-19, mas ocupação sobe novamenteCOVID-19: quando você deve tomar a vacina, com a nova previsão do governo“Com o passar dos dias, a fase de replicação do vírus vai passar por uma fase inflamatória. Fico pensando: porque não vou usar o medicamento se as pessoas estão usando e deu certo para muita gente? Temos exemplos em todas as cidades que usam e têm baixa incidência”, disse.
Jean Freire, infectado pelo vírus em agosto do ano passado, defende que os médicos possam optar por ministrar remédios que integram o “kit COVID-19”.
Apesar disso, ele argumentou que a maioria dos usuários da hidroxicloroquina já está no grupo de pacientes que não vai desenvolver complicações em virtude do contágio.
“Oitenta por cento das pessoas que adquirem COVID-19 têm ótima evolução e não precisam ir a hospitais. Essas pessoas, usando ou não cloroquina — e a maioria dos usuários está aí — vão melhorar. Pensando assim, poderia dizer que, onde não se faz nada, há uma melhora”, explicou.
O petista, que testou positivo após reforçar a “linha de frente” médica no Vale do Jequitinhonha, contou ter visto pessoas com quadros clínicos delicados em virtude do uso descontrolado de remédios ineficazes. Uma das principais consequências, segundo ele, é a diminuição abrupta da saturação.
“Já recebi pacientes em UTIs que ficaram tomando cloroquina e deixaram de fazer o verdadeiro tratamento precoce, que é procurar um médico ao início dos sintomas”, disparou.
Pimenta argumentou, sem entrar em detalhes, que “vasta literatura médica” mostra a importância das substâncias.
“Existem pessoas que falam ‘isso não funciona, a ciência não recomenda’. A ciência recomenda, sim. Hoje, metade da ciência recomenda — e, outra metade, não”.
Bolsonaristas ‘apostam’ em São Lourenço
Na semana passada, políticos ligados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), icônico entusiasta do tratamento precoce ineficaz, passaram a explorar o caso de São Lourenço, no Sul mineiro.
O prefeito da cidade, Walter Lessa (PTB), disse ter zerado internações por meio dos remédios. Apesar disso, o Hospital de São Lourenço, que atende moradores de municípios vizinhos, tem 100% das UTIs ocupadas. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apura o caso.
Clamor por ajuda
Após tecer críticas ao uso indiscriminado do coquetel precoce, Jean Freire pediu apoio aos hospitais do interior mineiro. “Enquanto gasta-se bilhões com cloroquina, os CTIs clamam pelo kit intubação, já que se fala tanto em kit. São as medicações importantes para sedar o paciente e mantê-lo no respirador”, falou.
Ainda nesta quarta, o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, assegurou que o Ministério da Saúde envia, até sexta, nova leva de medicamentos necessários ao processo de intubação.