Brasília - A movimentação política pela demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ganhou mais corpo com a manifestação pública da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP).
Em comunicado divulgado nessa sexta-feira (26/03) a entidade pede a substituição do líder da pasta, sob a justificativa de "recuperar a imagem do país no exterior" antes que a condução comprometa, "ainda mais, a inescapável e urgente aquisição de vacinas contra o coronavírus".
Em comunicado divulgado nessa sexta-feira (26/03) a entidade pede a substituição do líder da pasta, sob a justificativa de "recuperar a imagem do país no exterior" antes que a condução comprometa, "ainda mais, a inescapável e urgente aquisição de vacinas contra o coronavírus".
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Cresce pressão no Senado pela demissão do chanceler Ernesto AraújoEduardo Bolsonaro: 'Araújo vem mudando a política internacional brasileira'Filipe Martins faz gesto controverso em sessão com Ernesto Araújo no SenadoErnesto Araújo indica que ganhou sobrevida no governo BolsonaroSaída de Ernesto Araújo deve ser acompanhada de mudanças de rumoO destaque vai para a postura contrária de Araújo quanto à participação do Brasil no consórcio Covax Facility, fundo multilateral montado para aquisição de vacinas avaliadas e aprovadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Forçoso destacar que o país poderia ter optado, neste arranjo multilateral liderado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pela compra de 168 milhões de doses, quatro vezes mais do que o contratado", acrescenta o texto.
Após sabatina do ministro em audiência no Senado, na quarta-feira, para prestar esclarecimentos sobre as ações para promover negociações de vacinas, a insatisfação ganhou ainda mais forças. Caso o presidente da República não acate a demanda, o Senado pode pressionar o Planalto barrando matérias importantes do Executivo.
Depois da sabatina, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), reforçou as críticas contra o chanceler. Ele disse que a diplomacia do país precisa de mudanças porque “ainda está falha”. O senador evitou falar na demissão do chanceler, mas cobrou reação do chefe do Executivo.
"A permanência ou a saída do ministro, de qualquer que seja ele, é uma decisão que cabe ao presidente da República. O que nos cabe enquanto Senado, Câmara, enquanto Parlamento, é cobrar e fiscalizar as ações do ministério. Consideramos que a política externa do Brasil ainda está falha, precisa ser corrigida. É preciso melhorar a relação com os demais países, incluindo a China, porque é o maior parceiro comercial do Brasil", afirmou Pacheco.
"A permanência ou a saída do ministro, de qualquer que seja ele, é uma decisão que cabe ao presidente da República. O que nos cabe enquanto Senado, Câmara, enquanto Parlamento, é cobrar e fiscalizar as ações do ministério. Consideramos que a política externa do Brasil ainda está falha, precisa ser corrigida. É preciso melhorar a relação com os demais países, incluindo a China, porque é o maior parceiro comercial do Brasil", afirmou Pacheco.
De acordo com o parlamentar, as críticas contra Ernesto não são apenas por conta do ministro em si, mas porque faltam ideias e propostas. “O presidente (Bolsonaro) apenas ouviu e veremos o que pode ser feito. Na verdade, com ministro A ou ministro B, o que importa é um ministério que funcione e isso que desejamos com o Ministério das Relações Exteriores”, observou o senador.
"A política externa do Brasil precisa melhorar, precisamos ter melhores relações com todos os países que podem nos ajudar neste momento e que nós ao longo da história ajudamos. Demos segurança alimentar, temos um apelo ambiental, pelo menos biomas que são muito importantes para o mundo, inclusive o bioma amazônico e esse valor do Brasil precisa ser reconhecido pela comunidade internacional", completou Pacheco.
ASSESSOR
Por pressão do Senado, o presidente Jair Bolsonaro deve afastar do cargo o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins. Fontes do Palácio informaram ontem que o plano de Bolsonaro é tirar Martins de sua assessoria mais direta, mas não abandoná-lo por completo.
O Palácio do Planalto busca agora uma saída para não desagradar à militância bolsonarista conservadora e ideológica, que tem no auxiliar do presidente um de seus principais nomes no governo.
Martins está prestar a perder o cargo por ter repetido na quarta-feira, durante a sabatina do chanceler Ernesto Araújo, um gesto que os senadores interpretaram como ofensivo, ligado a supremacistas brancos.
Enquanto Rodrigo Pacheco falava ao vivo na transmissão pela TV, Martins, que estava sentado atrás dele, gesticulou com o polegar fechado formando um círculo com o indicador, como um "ok", e os demais dedos esticados. Balançou a mão algumas vezes, como se enfatizasse o gesto.
Enquanto Rodrigo Pacheco falava ao vivo na transmissão pela TV, Martins, que estava sentado atrás dele, gesticulou com o polegar fechado formando um círculo com o indicador, como um "ok", e os demais dedos esticados. Balançou a mão algumas vezes, como se enfatizasse o gesto.
Senadores logo protestaram, associando o sinal a um xingamento obsceno e a uma mensagem de ódio pela qual o assessor formaria as letras WP (white power), uma saudação de supremacistas brancos. Martins negou qualquer associação com discurso de ódio. Disse que estava apenas arrumando o paletó, mas não convenceu os senadores.
"A oposição ao governo atingiu um estado de decadência tão profundo que tenta tumultuar até em cima de assessor ajeitando o próprio terno. São os mesmos que veem gesto nazista em oração, que forjam suásticas e que chamam de antissemita o governo mais pró-Israel da história", escreveu o assessor no Twitter.
"A oposição ao governo atingiu um estado de decadência tão profundo que tenta tumultuar até em cima de assessor ajeitando o próprio terno. São os mesmos que veem gesto nazista em oração, que forjam suásticas e que chamam de antissemita o governo mais pró-Israel da história", escreveu o assessor no Twitter.
Pacheco determinou que as imagens fossem investigadas pela Polícia Legislativa (mais informações nesta página). Ao Planalto, o presidente do Senado fez chegar o aviso de que quer dar uma satisfação aos colegas, que se sentiram ofendidos.