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Estado de Minas DIPLOMACIA

Prefeitos também querem o chanceler Ernesto Araújo fora do governo

Depois do Senado, é a vez dos chefes dos Executivos municipais pedirem a Bolsonaro o fim da 'politica externa desastrosa'


27/03/2021 04:00 - atualizado 27/03/2021 07:14

Pressão pela saída do chanceler Ernesto Araújo é maior a cada dia(foto: EVARISTO SÁ/AFP 2/3/21 )
Pressão pela saída do chanceler Ernesto Araújo é maior a cada dia (foto: EVARISTO SÁ/AFP 2/3/21 )
Brasília - A movimentação política pela demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ganhou mais corpo com a manifestação pública da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP).

Em comunicado divulgado nessa sexta-feira (26/03) a entidade pede a substituição do líder da pasta, sob a justificativa de "recuperar a imagem do país no exterior" antes que a condução comprometa, "ainda mais, a inescapável e urgente aquisição de vacinas contra o coronavírus".

Os prefeitos destacaram que o chanceler já apresentou "um leque diversos de trapalhadas e atitudes destrutivas" diante das medidas contra a COVID-19 que foram articuladas com parceiros internacionais.

O destaque vai para a postura contrária de Araújo quanto à participação do Brasil no consórcio Covax Facility, fundo multilateral montado para aquisição de vacinas avaliadas e aprovadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Forçoso destacar que o país poderia ter optado, neste arranjo multilateral liderado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pela compra de 168 milhões de doses, quatro vezes mais do que o contratado", acrescenta o texto.

Após sabatina do ministro em audiência no Senado, na quarta-feira, para prestar esclarecimentos sobre as ações para promover negociações de vacinas, a insatisfação ganhou ainda mais forças. Caso o presidente da República não acate a demanda, o Senado pode pressionar o Planalto barrando matérias importantes do Executivo.

Depois da sabatina, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), reforçou as críticas contra o chanceler. Ele disse que a diplomacia do país precisa de mudanças porque “ainda está falha”. O senador evitou falar na demissão do chanceler, mas cobrou reação do chefe do Executivo.

"A permanência ou a saída do ministro, de qualquer que seja ele, é uma decisão que cabe ao presidente da República. O que nos cabe enquanto Senado, Câmara, enquanto Parlamento, é cobrar e fiscalizar as ações do ministério. Consideramos que a política externa do Brasil ainda está falha, precisa ser corrigida. É preciso melhorar a relação com os demais países, incluindo a China, porque é o maior parceiro comercial do Brasil", afirmou Pacheco.

De acordo com o parlamentar, as críticas contra Ernesto não são apenas por conta do ministro em si, mas porque faltam ideias e propostas. “O presidente (Bolsonaro) apenas ouviu e veremos o que pode ser feito. Na verdade, com ministro A ou ministro B, o que importa é um ministério que funcione e isso que desejamos com o Ministério das Relações Exteriores”, observou o senador.
"A política externa do Brasil precisa melhorar, precisamos ter melhores relações com todos os países que podem nos ajudar neste momento e que nós ao longo da história ajudamos. Demos segurança alimentar, temos um apelo ambiental, pelo menos biomas que são muito importantes para o mundo, inclusive o bioma amazônico e esse valor do Brasil precisa ser reconhecido pela comunidade internacional", completou Pacheco.

ASSESSOR


Por pressão do Senado, o presidente Jair Bolsonaro deve afastar do cargo o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins. Fontes do Palácio informaram ontem que o plano de Bolsonaro é tirar Martins de sua assessoria mais direta, mas não abandoná-lo por completo.

O Palácio do Planalto busca agora uma saída para não desagradar à militância bolsonarista conservadora e ideológica, que tem no auxiliar do presidente um de seus principais nomes no governo.

Martins está prestar a perder o cargo por ter repetido na quarta-feira, durante a sabatina do chanceler Ernesto Araújo, um gesto que os senadores interpretaram como ofensivo, ligado a supremacistas brancos.

Enquanto Rodrigo Pacheco falava ao vivo na transmissão pela TV, Martins, que estava sentado atrás dele, gesticulou com o polegar fechado formando um círculo com o indicador, como um "ok", e os demais dedos esticados. Balançou a mão algumas vezes, como se enfatizasse o gesto.

Senadores logo protestaram, associando o sinal a um xingamento obsceno e a uma mensagem de ódio pela qual o assessor formaria as letras WP (white power), uma saudação de supremacistas brancos. Martins negou qualquer associação com discurso de ódio. Disse que estava apenas arrumando o paletó, mas não convenceu os senadores.

"A oposição ao governo atingiu um estado de decadência tão profundo que tenta tumultuar até em cima de assessor ajeitando o próprio terno. São os mesmos que veem gesto nazista em oração, que forjam suásticas e que chamam de antissemita o governo mais pró-Israel da história", escreveu o assessor no Twitter.

Pacheco determinou que as imagens fossem investigadas pela Polícia Legislativa (mais informações nesta página). Ao Planalto, o presidente do Senado fez chegar o aviso de que quer dar uma satisfação aos colegas, que se sentiram ofendidos.





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