O ministro das Relações Exteriores está em reunião com o presidente da República, Jair Bolsonaro, e pedirá demissão. A saída de Ernesto deve ocorrer ainda nesta segunda-feira (29/3). Não é que fosse inesperado, já que o chanceler estava sob ataque cerrado de toda a classe política desde a semana passada. Além disso, Bolsonaro já tem nomes cotados para substituí-lo, sendo o mais cotado, André Corrêa do Lago, embaixador do Brasil na Índia. Entre os outros nomes também em vista estão, o embaixador do Brasil em Washington, nos Estados Unidos, Nestor Foster, o embaixador em Paris, França, Luiz Fernando Serra, a cônsul-geral do Brasil em Nova York, Maria Nazareth Farani Azevêdo, e o Flávio Rocha, chefe da Secom e da Secretaria de Assuntos Estratégicos.
O pedido de demissão é a busca por um caminho honroso, já que parlamentares cogitam, até mesmo, abrir um processo de impeachment contra o chanceler. A situação de Ernesto vem se agravando por conta da dificuldade do Brasil em adquirir vacinas com outros países, mas o ministro já era mal visto pelas contendas e pelo modo ideológico de conduzir o Itamaraty.
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Pressionado pelo Centrão, ministro Ernesto Araújo pede demissão do cargoAraújo quer 'cortina de fumaça' para esconder motivo real de demissão, diz KátiaBrasileiro culpa Bolsonaro por cenário crítico na pandemia, diz pesquisaMourão anuncia que tomou Coronavac e bolsonaristas reclamam: 'propaganda'Mandetta: 'Bolsonaro tem cheiro de cemitério'Há um entendimento de que Ernesto se mostrou incapaz de gerenciar a relação do Brasil com os Estados Unidos e a China, os dois principais parceiros comerciais do país, e players fundamentais para a aquisição de vacina. Para piorar a situação, ele, já instável no cargo, optou, no fim de semana, por atacar a senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Kátia Abreu vinha articulando junto ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, para ocupar o vão deixado pela ausência de políticas internacionais do então chefe do Itamaraty.
Araújo afirmou que a senadora não estaria interessada na vacina, mas no 5G. Kátia Abreu, por sua vez, questionou porque ele não aproveitou a sabatina no Senado na última semana para questioná-la.
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Os ataques a ministros de Bolsonaro devem continuar, mesmo com a saída de Ernesto Araújo. Nos bastidores, há um entendimento que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também atrapalha o país nas relações com outras nações. O ministro é autor de uma gestão negacionista em relação à preservação da Amazônia. O desmatamento da floresta tropical disparou no ano de 2020, e o Pantanal também teve recorde de queimadas em 2020, com aumento de 158% em relação ao ano anterior, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A gestão ambiental Bolsonarista já foi alvo de críticas também no exterior, com trocas de farpas com a Alemanha e a França. Para 2021, o orçamento para o Meio Ambiente é o mais baixo em 20 anos, apesar do aumento no desmatamento da Amazônia e dos incêndios tanto na floresta quanto no Pantanal em 2020.