O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não poupou palavras ao falar do presidente Jair Bolsonaro e da sua gestão durante a pandemia. Para ele, Bolsonaro “tem um cheiro de cemitério”. Na última quarta-feira (24/3), o país bateu a marca de 300 mil mortes pela COVID-19.
Ao jornal português Diário de Notícias, Mandetta comparou Bolsonaro com uma criança e disse que o presidente não entendeu o cargo que ocupa.
“Ele (Bolsonaro) é essa criança. Uma criança habituada a usar fake news para tudo, a distorcer a verdade para tudo, a criar factoides para tudo. Ele incita, incita, mas corre. Ele não presta e não sente o peso da cadeira”, afirmou o ex-ministro.
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“Eles têm um problema comigo. Enquanto estive no início da pandemia, redimensionei rede de oxigénio, material, máscaras, enfermeiros, médicos, remédios, tubos, testes e isso deu-lhes a impressão, já depois de eu ter saído, que o sistema aguentava, que era só "uma gripezinha" e, por isso, não fizeram mais nada”, disse Mandetta.
Disse ainda que explicou para Bolsonaro o caminho completo da doença, mas que agora ele “está com 300 mil cadáveres nas costas”.
Perguntado sobre os seus sucessores, Mandetta disse que Bolsonaro sabota todos que ocupam o cargo. “Pode colocar lá o Prêmio Nobel da Medicina que, se ele continuar sabotando, ou ele demite o ministro ou o ministro se demite”, pontuou.
"O Nelson Teich, seria “o Breve": esteve lá 20 dias. O general Pazuello era um incompetente, que dizia estar a cumprir uma missão, mas a principal missão dele deveria ser com a verdade: se alguém me chamar para a missão de conduzir um Boeing, eu vou dizer "olha que eu vou matar essas 400 pessoas", mas ele topou ser ministro mesmo assim, causando essa mortandade toda”, avaliou Mandetta.
A respeito do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta tem dúvidas, mas ressaltou que “se ele se orientar pela ciência, pela vida, pode fazer algo, pena que em cima de 300 mil mortos”.
Considerado um possível candidato nas eleições de 2022, Mandetta confirmou que já teve conversas sobre esse assunto.
“Não sobraria papel no mundo se cada uma delas (conversas) fossem noticiadas nos jornais. Aquilo de que falamos não é "terceira via", não é "centro", é de estabelecer um polo democrático. Não gosto de dizer que sou ou que não sou candidato. Eu vou dar tempo para que nos sentemos à mesa”, disse.
Na disputa entre Lula e Bolsonaro, o ex-ministro disse que “esse cenário é pesadelo”.
“Lula contra Bolsonaro é um pesadelo. Eu quero um sonho. Se eu tiver um pesadelo que estou caindo de um prédio, quando acordar vou jogar-me desse prédio? Não, não quero transformar isso em realidade e a sociedade também não quer”, completou.
Mandetta concluiu dizendo que tem pressa, pois sonha ver o Brasil acertar. "Espero que o nome (candidato à presidência) venha de um polo democrático - e que esse polo não se fragmente em cinco ou seis para não termos de viver o tal pesadelo numa segunda volta dos dois (Bolsonaro ou Lula)."
* Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.
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Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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