Jornal Estado de Minas

CONGRESSO

Após gesto racista no Senado, assessor de Bolsonaro permanece no cargo


Apesar de fazer um gesto considerado racista durante uma sessao oficial do Senado, na presença do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o assessor especial para Assuntos Internacionais do presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins, segue no cargo. Em resposta à indignação dos parlamentares, o servidor alegou que estava arrumando o microfone do tipo lapela, preso ao terno. O caso, ocorreu no dia 24, durante sessão com o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, demitido após intensa pressão de integrantes do Legislativo.





Em meio à crise, o Palácio do Planalto chegou a sinalizar que Filipe Martins seria demitido. Mas o tema caiu no esquecimento com a demissão do ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo, dos comandantes das Forças Armadas e do próprio Ernesto Araújo no início da semana. Na quarta-feira (31), o Senado aprovou um voto de censura a Martins. A avaliação entre senadores é de que o caso está tramitando, com investigação na Casa aberta pela Secretaria Geral da Mesa e pela Polícia Legislativa, mas que Martins é figura coadjuvante, por isso não demanda tanta atenção dos parlamentares.
Mantido no cargo pelo chefe do Planalto, Martins prossegue com a agenda. Na última quinta-feira, manteve encontros com embaixadores da Arábia Saudita, Kuwait, Marrocos, Bahrein e Emirados Árabes, ao lado do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

Para o líder do Cidadania, senador Alessandro Vieira (SE), o que caberia ao Senado está sendo feito, com processo em andamento para investigar a conduta de Martins. Mas mantê-lo ou não no cargo é prerrogativa do presidente Jair Bolsonaro. “A conduta e postura são incompatíveis com o serviço público, isso é muito claro”, diz. Questionado se o Senado deveria chamá-lo para prestar esclarecimentos, Vieira afirmou que o assessor “não tem estatura para isso”. “É uma figura ridícula, pequena, e a manutenção dele no cargo cabe a Bolsonaro”, disse.





A mesma avaliação, porém, não se aplica a Ernesto Araújo, defenestrado da chefia do Ministério das Relações Exteriores. Alessandro Vieira pontuou que a permanência do chanceler impactava em questões importantes para o país, como o acesso a vacinas contra COVID-19. “O impacto que ele gera é dentro da cabeça de Bolsonaro”, afirmou.

O senador Esperidião Amin (PP-SC) tende igualmente a minimizar a situação de Martins. “É um assunto desimportante para mim”, disse. O líder do bloco parlamentar Podemos/PSDB/PSL, Lasier Martins (Podemos-RS), entende de outra forma. Defende que o assessor seja convocado para prestar esclarecimentos. “Acho que se relevou muito; reduziu-se o fato a muito pouco, quando me parece que ele teve uma má intenção com aquele gesto”, afirmou o parlamentar. 

audima