O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos/RJ) questionou nesta segunda-feira (05/04) a contagem do número de mortos em decorrência da COVID-19. Para o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), há “algo estranho’’ no Brasil. “Só se morre de COVID?”, indagou Carlos.
Há algo estranho: pessoas não falecem mais de tuberculose como antes, os casos de pneumonia caíram drasticamente, infarto despencaram, assassinatos seguem a mesma linha, câncer não se registra mais os lamentáveis casos. No Brasil só se morre de... covid! É triste, contudo é fato!
%u2014 Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) April 5, 2021
A pergunta do filho 02 do presidente tem resposta. O Brasil é hoje o epicentro da COVID-19, com mais de 3 mil mortes por dia, e os números só vêm aumentando.
Conforme dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen/Brasil), divulgados no dia 1º/04, março de 2021 foi o mês com o maior número de mortes por causas naturais no Brasil desde 2003, quando teve início a série histórica de óbitos computada pelos cartórios. Foram 144.576 mortes ocorridas no último mês.
Apesar de já baterem recorde, os números de março ainda devem aumentar nos próximos dias, já que nem todas as mortes ocorridas no mês foram registradas. O registro de uma morte no sistema pode levar dias para ser contabilizado.
O segundo mês com mais mortes por causas naturais nos últimos 18 anos foi junho de 2020, quando morreram 139.365 pessoas, segundo dados do Portal da Transparência da Arpen.
Mortes provocadas por acidentes ou violência não entram nessa estatística, mas apenas as naturais, ou seja, aquelas causadas por qualquer doença, como a COVID-19.
"Com certeza março de 2021 foi o mês mais mortal para o Brasil por causa da pandemia. Não houve nenhuma catástrofe que explicasse um salto tão grande de óbitos, nenhum outro causador [entre 2003 e 2021]", analisa o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, entrevistado pelo jornal O Globo.
Março também registrou recorde de mortes por COVID-19 desde o início da pandemia. Foram 66,8 mil óbitos, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa.
“Neste momento de extrema dificuldade que estamos vivendo poder proporcionar as informações de óbitos no Brasil de forma imediata, aberta e transparente a toda sociedade e aos órgãos públicos é essencial para que as autoridades possam planejar suas ações e a população possa ter a real dimensão dos perigos desta doença”, explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil, também entrevistado pelo jornal O Globo.
Os dados de quinta reforçam um excesso de mortes naturais já apurado no ano passado no país, quando o Brasil registrou pelo menos 275 mil mortes a mais que o esperado.
"Se você olhar para março de 2020, verá que foram registrados 108 mil óbitos por causas naturais no país [segundo o Conass]. Era o início da pandemia. Se olhar para março de 2021, os registros aumentam para 148 mil óbitos. Não se morrem 40 mil pessoas a mais em um único mês por causas naturais em anos sem pandemia. Isso é o excesso causado direta e indiretamente pela COVID", explica Schrarstzhaupt.
O Brasil teve, no ano passado, 22% a mais de mortes por causas naturais do que o que era esperado, aponta um levantamento feito pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). O estudo, realizado pela organização global de saúde Vital Strategies, aponta que houve 275.587 mortes a mais no ano passado do que o previsto.
O que é o coronavírus
Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
- Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
- Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus
Mitos e verdades sobre o vírus
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