As ações do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estão repercutindo fora do Brasil. O jornal britânico The Guardian publicou, nesta segunda-feira (5/4), um editorial analisando o presidente. Com o título “A visão do The Guardian sobre Jair Bolsonaro: um perigo para o Brasil e para o mundo”, o artigo pontua ações do governo brasileiro durante a pandemia da COVID-19, o desmatamento da Floresta Amazônica e as eleições de 2022.
O jornal abre o editorial afirmando que as perspectivas da vitória de Bolsonaro nas eleição presidenciais de 2018 eram assustadoras, em razão do histórico machista, de destratar gays e minorias, e por elogiar o autoritarismo e a tortura. "O pesadelo se revelou ainda pior na realidade", escreve o The Guardian.
"Ele não só usou uma lei de segurança nacional da época da ditadura para perseguir os críticos e supervisionou o aumento do desmatamento na Amazônia em 12 anos, mas também permitiu que o coronavírus se alastrasse sem controle, atacando as restrições de distanciamento, máscaras e vacinas”, pontua.
Conforme pesquisa do DataFolha, divulgada na última quarta-feira (31/3), 59% dos eleitores brasileiros rejeitam o Bolsonaro. O artigo analisa que o atual presidente está se preparando para resultados desfavoráveis nas eleições do ano que vem.
“Na semana passada, ele demitiu o ministro da Defesa, um general aposentado e amigo de longa data que, no entanto, parece ter criticado as tentativas de Bolsonaro de usar as forças armadas como ferramenta política pessoal. Os comandantes do Exército, da Marinha e da Força Aérea também foram demitidos – supostamente quando estavam prestes a renunciar”, afirma o editorial.
“Na semana passada, ele demitiu o ministro da Defesa, um general aposentado e amigo de longa data que, no entanto, parece ter criticado as tentativas de Bolsonaro de usar as forças armadas como ferramenta política pessoal. Os comandantes do Exército, da Marinha e da Força Aérea também foram demitidos – supostamente quando estavam prestes a renunciar”, afirma o editorial.
O jornal completa que o estopim para as demissões foi o retorno do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à cena política.
Após a anulação das condenações criminais, Lula poderá concorrer novamente à presidência no ano que vem.
“Os ataques injuriosos de Lula ao presidente são amplamente vistos como o prenúncio de uma nova candidatura ao poder de um político carismático que continua muito popular em alguns setores”, escreve o The Guardian.
Após a anulação das condenações criminais, Lula poderá concorrer novamente à presidência no ano que vem.
“Os ataques injuriosos de Lula ao presidente são amplamente vistos como o prenúncio de uma nova candidatura ao poder de um político carismático que continua muito popular em alguns setores”, escreve o The Guardian.
'É possível que, inspirado por Donald Trump, o Sr. Bolsonaro pense em se agarrar ao poder pelo uso da força? Não. Isso é provável'
The Guardian, em editorial
Com a rejeição da populção e a ameaça de outro forte concorrente nas eleições, o jornal britânico analisa que é provável que Bolsonaro se agarre às forças militares para se manter no poder.
Como comprovação da tese, o jornal pontua a ditadura militar vigente no Brasil entre 1964 e 1985 e a reação do filho do presidente, vereador do Rio de Janeiro Eduardo Bolsonaro (Republicanos-RJ), à “ineficácia das forças militares norte-americanas em conter a multidão que invadiu o Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro”.
O artigo termina com um tom esperançoso. Conforme o The Guardian, a possibilidade do retorno de Lula é suficiente para os eleitores de direita procurarem outro candidato, menos extremista do que Bolsonaro, a fim de não seguir os mesmos erros.
“Sua partida seria bem-vinda, pelo bem do Brasil e do resto do planeta”, finaliza.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina