Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Prefeito elogiado por Bolsonaro por 'boa condução' na pandemia fez lockdown

Elogiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela “boa condução" durante o enfrentamento da pandemia de COVID-19 e apontado como prova do sucesso do chamado "tratamento precoce" (uso de remédios ineficazes contra a doença causada pelo novo coronavírus), o prefeito de Chapecó (SC), João Rodrigues (PSD), afirmou na quinta-feira passada (1º/4), que o real motivo para os leitos vazios na cidade foi a realização de um lockdown de 14 dias.





“Paramos a cidade por 14 dias, fizemos o chamado ‘lockdown parcial’ e tivemos o apoio da comunidade de Chapecó e olha isso: leitos vazios. Que imagem!”, afirmou o prefeito.



Apesar dos bons resultados, notórios pela melhora nos índices ao longo das últimas semanas – um mês depois de ter virado epicentro da pandemia no estado –, Chapecó ainda segue sob colapso no sistema de saúde.

Jair Bolsonaro disse que Rodrigues foi eficiente após recomendar o "tratamento precoce" com “liberdade total” para os médicos.
 
Desde o início da pandemia, o presidente vem adotando posicionamentos negacionistas. Entre eles, negar a gravidade do vírus, postergar a compra de vacina, não utilizar máscara, incentivar aglomerações e fazer propaganda do uso de remédios sem eficácia comprovada cientificamente.   


Entenda

Após assumir o cargo de prefeito em janeiro deste ano, Rodrigues montou um ambulatório especializado para o combate à COVID-19.



Nele, remédios sem eficácia comprovada contra a doença causada pelo novo coronavírus, como ivermectinaazitromicina, hidroxicloroquina e cloroquina, eram recomendados para pacientes.

Confira: Efeitos adversos à cloroquina disparam 558% e mortes são registradas

O prefeito de Chapecó também liberou eventos na cidade. 

As ações tiveram reflexo em uma explosão de casos, o que obrigou a prefeitura a estabelecer um lockdown. A medida, chamada pelo prefeito de “parcial”, durou 14 dias.

Até Rodrigues assumir a prefeitura, Chapecó somava 123 óbitos por COVID-19. Desde então a taxa cresceu mais de quatro vezes, chegando a 537 nessa segunda-feira (5/4).

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