Superintendente regional de Saúde de Belo Horizonte, Débora Marques Tavares foi a testemunha ouvida nesta quarta-feira (7/4) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que investiga denúncias de “fura-filas” da vacinação contra a COVID-19 entre servidores do governo de Minas. Ela, contudo, foi alvo de críticas por parte dos deputados estaduais por se “esquivar” de algumas perguntas.
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Posteriormente, outros parlamentares também se queixaram do posicionamento da chefe da Superintendência Regional de Saúde de Belo Horizonte (SRS-BH) da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (Ses-MG), uma das 28 superintendências da pasta. O deputado estadual Sargento Rodrigues (PTB) afirmou que a Dóebora Tavares se preparou para “escorregar” no depoimento.
“Quero concordar que a doutora Débora quando ela quer, e disse aqui que foi preparada, ela mesmo falou ‘eu me preparei para a audiência de hoje’. Então, do ponto de vista para escorregar, a doutora Débora se preparou muito bem. E é muito triste, sabe por que? Porque tem coragem para enfrentar a pandemia, salvar vidas, exercer um trabalho belo, não permitir que a senhora ou alguém subordinado tenha furado a fila, mas não tem coragem de se posicionar tecnicamente e legalmente quando aqueles na secretaria furaram fila porque são superiores hierárquicos à senhora. A lei, doutora Débora, é para todos, não só para a senhora, os seus subordinados”, começou.
“Queria ver por parte da senhora a mesma coragem, o mesmo entendimento técnico e legalista em resposta que a senhora deu em outros questionamentos, mas quando foi daqueles que furou a fila, que a senhora sabe que furou a fila com base nos memorandos, a senhora não teve coragem. É muito triste ver um posicionamento antagônico quando se confronta realidades que estão colocadas”, completou Rodrigues. Outros parlamentares, como Noraldino Júnior (PSC), discordaram da posição do colega.
A CPI, instaurada em 18 de março deste ano, apura possíveis irregularidades no processo de vacinação contra a COVID-19 entre servidores públicos de Minas Gerais, em especial na Ses-MG. Funcionários administrativos - alguns até em regime de trabalho remoto - e até membros da alta cúpula da pasta, como o ex-secretário Carlos Eduardo Amaral, foram imunizados, mesmo fora do grupo prioritário.
A comissão tem até 120 dias (com possibilidade de prorrogação de 60) para divulgar um resultado. O caso veio à tona a partir de reportagem do Portal R7, publicada no início de março deste ano.
A princípio, seriam 500 funcionários vacinados que atuam na Cidade Administrativa, sede do governo de Minas. Depois, uma lista com 806 nomes de pessoas vacinadas foi entregue pelo Executivo à ALMG. O deputado estadual Agostinho Patrus (PV), presidente da Casa, não reconheceu a legitimidade do documento e pediu nova relação, que conta com 828 nomes após a retificação (clique aqui para ter acesso à lista de nomes de pessoas vacinadas).
Posteriormente, uma nova lista com nomes de mais 1.852 servidores da SES vacinados contra a COVID-19 foi entre pelo governo à ALMG. A expectativa do presidente da CPI é de um resultado entre duas a três semanas. Nesta quinta-feira (08/04), não haverá nova reunião da CPI para estudo de documentos recebidos, segundo João Vítor Xavier. A próxima sessão da comissão não tem data marcada.
Enquanto isso, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo governo de Minas, o estado chegou à marca de 26.303 óbitos por coronavírus desde o início da pandemia, em março de 2020. Também nos números totais, são 1.182.847 diagnósticos positivos, sendo 1.061.397 recuperados e 95.147 em acompanhamento. Também de acordo com o Executivo, 2.033.734 receberam a primeira dose da vacina, enquanto 620.340 tomaram a segunda.