No dia seguinte de o País registrar, pela primeira vez, mais de 4 mil mortes pela covid-19 em 24 horas, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 7, esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) libere a realização de cultos e missas durante a pandemia.
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Bolsonaro ataca imprensa e diz que 'resolve problema do vírus em minutos'Prefeito elogiado por Bolsonaro por 'boa condução' na pandemia fez lockdownLula ou Bolsonaro? FHC vai apoiar candidato que tenha força contra os doisBolsonaro associa HIV a 'comportamentos sexuais diferenciados'; veja vídeo"Espero que ao STF julgar liminar de Kassio Nunes (Marques), que a liminar seja mantida ou que alguém peça vista para discutir mais", disse Bolsonaro. "Qual é o último local que uma pessoa procura antes de cometer um suicídio? A igreja. Quem não é cristão, que não vá", completou o presidente, ao discursar em Chapecó (SC).
A cidade catarinense visitada por Bolsonaro é apontada por ele como "exemplo" no combate à covid-19. A viagem foi marcada de última hora, após o prefeito da cidade, João Rodrigues (PSD), celebrar, em um vídeo nas redes sociais, a queda de internações e a desativação de uma unidade de terapia semi-intensiva. Mesmo assim, a ocupação de leitos ainda é alta. De acordo com dados da própria prefeitura, atingiu 93% na rede pública e 100% na privada nesta terça-feira, 6.
O município acumula ainda mais mortes por 100 mil habitantes do que o País e Santa Catarina. A cidade enfrentou colapso de saúde em fevereiro, precisou transferir pacientes, adotar restrições de circulação e ampliar o número de leitos. Chapecó tem 541 mortos pela pandemia, sendo que mais de 410 foram registrados neste ano.
Bolsonaro disse na segunda-feira, 5, que Chapecó faz um "trabalho excepcional" contra a pandemia e deu "liberdade" a médicos para prescreverem o "tratamento precoce", ou seja, medicamentos sem eficácia para a covid-19, como a hidroxicloroquina. "Não sei como salvar vidas, não sou médico, mas não posso tolher liberdade do médico", afirmou o presidente no discurso desta quarta.
Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem defendido a prescrição de medicamentos como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina contra a doença. Centenas de estudos científicos realizados até agora nunca comprovaram a eficácia das drogas para combater a covid-19 e, em alguns casos, como da ivermectina, mostraram que não há qualquer efeito positivo. O aumento no consumo desses remédios também tem causado reações em pacientes e, como revelou o Estadão, alguns morreram em decorrência de complicações.