Jornal Estado de Minas

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Zema: governo Bolsonaro menosprezou 'inimigo tão perigoso'

Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, lamentou nesta quinta-feira (8/4) o fato de Jair Bolsonaro (sem partido), presidente da República, ter menosprezado a pandemia da COVID-19, especialmente no início dos casos de infecção, em março de 2020.




A resposta se deu após questionamento do Estado de Minas em entrevista coletiva concedida nesta manhã, na Cidade Administrativa, sede do governo de Minas, em Belo Horizonte.

“Quando analisamos óbitos por milhão de habitantes, fica claro que o desempenho do Brasil não é bom, poderia ser muito melhor. Lamentamos muito que esse inimigo tão perigoso tenha sido menosprezado lá atrás”, disse Zema. E completou: "Realmente o governo federal subestimou a periculosidade do vírus".

O ponto alto da displicência de Bolsonaro quanto ao vírus, que pode ser vista até ações recentes - como defesa do tratamento precoce, negado pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e demora para ingressar na busca pelas vacinas -, aconteceu em março de 2020.

Naquela ocasião, com o primeiro mês de pandemia do coronavírus e com a maioria das cidades iniciando o processo de restrições, o presidente disse, em pronunciamento nacional de rádio e televisão, que a COVID-19 se tratava de uma “gripezinha” para ele.





"No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado com o vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como disse aquele famoso médico daquela famosa televisão. Enquanto estou falando, o mundo busca um tratamento para a doença", afirmou o presidente, à época.

Apesar da crítica inicial, Zema ponderou a excepcionalidade da COVID-19. O governador, que até então não assinou nenhuma das cartas de repúdio formuladas pelos chefes estaduais contra as ações de Bolsonaro na pandemia, disse que poucos países lidaram bem com a pandemia e que até nações desenvolvidas sofrem nos dias de hoje, mesmo com mais de um ano do vírus espalhado.

“Mas temos assistido também, inclusive em países desenvolvidos que têm todos os recursos financeiros que nos faltam, toda estrutura burocrática eficiente, onde a taxa de óbito foi maior que no Brasil. Culpar é muito fácil, dar a solução é que é difícil. Países que realmente foram bem na pandemia são raríssimos, e os casos estão muito ligados àqueles países que são tipo uma ilha, Austrália, Nova Zelândia, que conseguem realmente barrar entrada de pessoas, que não tem fronteiras, esses sim conduziram de forma adequada. Estamos esta semana assistindo, inclusive, um país desenvolvido, a França, em total lockdown”, afirmou.





Por fim, Zema uniu os dois pontos: a novidade da COVID-19, comparando com os casos de Aids na década de 1980, com a negligência do governo federal no combate ao novo coronavírus.

“Fica claro que o vírus é algo que a ciência, nosso conhecimento, ainda não tem conhecimento suficiente para estar tratando. Talvez daqui a dois anos, cinco, vamos descobrir muita coisa que hoje não sabemos. Quem aqui é mais velho, como eu, lembra perfeitamente o que aconteceu com a Aids na década de 80, ninguém sabia nada sobre Aids. E hoje sabemos que é uma doença tratada, que não se transmite com a mera proximidade física, o que na época não se sabia. O vírus ainda é desconhecido, mas, realmente, o governo subestimou a periculosidade desse vírus. Deveria, quando nós não sabemos, dar mais atenção ao inimigo. Realmente, nesse ponto, houve deficiência, algo a mais poderia ter sido feito”, completou o governador.

Segundo dados divulgados nessa quinta-feira (8/4) pelo Ministério da Saúde, o Brasil registrou 3.829 mortes pelo vírus e 92.625 infectados em 24 horas. O país chegou a 340.776 vidas perdidas e 13.193.205 diagnósticos positivos para a doença em solo brasieliro. Minas Gerais é o terceiro estado com mais mortes, ainda de acordo com os dados do governo federal, com 25.303 óbitos pela pandemia.

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