Nos próximos dias, o Senado Federal vai eleger o colegiado que fará parte da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará ações que o Brasil tomou contra a COVID-19. Nomes fortes para liderar o grupo de trabalho, os senadores Omar Aziz (PSD-AM), que deve ser o presidente, e Renan Calheiros (MDB-AL), forte candidato à relatoria, prometeram isenção e rigor nas averiguações.
Calheiros chegou a dizer que “não faria PowerPoint” contra o Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), em referência à Operação Lava-Jato.
A “cutucada” de Calheiros é na Operação Lava-Jato, ação em que o Procurador da República, Deltan Dallagnol, apresentou uma arte feita no programa da “Microsoft” para acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de participar de um esquema criminoso. Em entrevista à “GloboNews”, os senadores prometeram isenção na investigação e disseram que a CPI terá um “início, meio e fim”. Favorito à relatoria da comissão, Renan Calheiros disse que “não fará PowerPoint” e nem força-tarefa contra Jair Bolsonaro.
Calheiros chegou a dizer que “não faria PowerPoint” contra o Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), em referência à Operação Lava-Jato.
A “cutucada” de Calheiros é na Operação Lava-Jato, ação em que o Procurador da República, Deltan Dallagnol, apresentou uma arte feita no programa da “Microsoft” para acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de participar de um esquema criminoso.
“Vamos fazê-la (a investigação) com absoluta responsabilidade, com isenção. Não tem porque o presidente ficar preocupado. Nós não vamos fazer força-tarefa, não vamos fazer Powerpoint contra o presidente da República. Vamos apurar fatos. Não vamos predizer quem cometeu e quem não cometeu erro. Isso é uma resposta que, necessariamente, a CPI dará”, disse Renan.
Quando o Supremo Tribunal Federal (STF) obrigou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a instalar a CPI, o Palácio do Planalto viu com bons olhos o nome de Omar Aziz para liderar o grupo de trabalho. Apesar disso, Aziz negou ter relação com o governo federal - que deve ser um dos alvos da investigação - e garantiu ter conversado com Bolsonaro, de forma presencial, apenas uma vez.
“Para se ter uma ideia, eu tive apenas uma conversa com o presidente (Bolsonaro). Foi no início do mandato dele. No mês de fevereiro, ele tinha dois meses de mandato. Foi a única vez que eu tive contato pessoal com o presidente. Nunca liguei para o presidente dia de sábado e fiquei batendo papo com ele, pode ter certeza disso. Nunca falei com ele pelo telefone”, afirmou Aziz.
O forte candidato à presidência da CPI também negou a possibilidade de fazer “negociata” com o governo. Durante a entrevista, Omar Aziz chegou a levantar alguns questionamentos relativos à falta de oxigênio no Amazonas, em janeiro, e a demora para a compra de vacinas por parte do Ministério da Saúde, citando, inclusive, a não-assinatura, em 2020, do acordo entre a fabricante Pfizer e a pasta federal, que alegou, na época, não ter concordado com algumas cláusulas por parte da farmacêutica.
“Temos que investigar os fatos, por quê que não teve oxigênio para o povo do Amazonas? Por que não fizemos acordos e consórcios para comprar vacinas? Por que a Pfizer não assinou contrato com o Brasil? Temos relações comerciais com o mundo todo. O Brasil não tem inimigos no mundo e temos dificuldades de trazer insumos e vacinas”, destacou.
Renan Calheiros, que é opositor ao governo Bolsonaro, classificou como “morticínio” a pandemia da COVID-19 no Brasil, que já vitimou 373.335 pessoas. O senador garantiu que todos aqueles que erraram ou omitiram nas políticas para combater a doença no país serão responsabilizados.
“Vamos responsabilizar quem quer que seja. Vamos investigar fatos. A CPI não pode prender, não pode punir, fazer força-tarefa, mas ela pode, sim, investigar e responsabilizar. Depois que ela responsabilizar aqueles que por erro ou omissão contribuíram com esse morticínio.”
Possível presidente perdeu irmão pela COVID-19
Os senadores também cobraram um protocolo único para combater a COVID-19 no Brasil. Na entrevista, Omar Aziz ressaltou que governos federal, estaduais e municipais tomam ações distintas, o que dificulta o controle da doença. Aziz também revelou que perdeu um irmão há 40 dias, vítima do coronavírus, mas evitou responsabilizar alguém.
“Eu perdi um irmão há 40 dias pela COVID-19, mas não culpo ninguém. Essa doença é fatal para muitas pessoas. Não posso dizer que o presidente que foi responsável pela morte do meu irmão. Não posso afirmar que o governador fez isso. Quero é que mais vidas sejam salvas, que menos óbitos nós tenhamos. Não tem cargo no governo, não tem recurso no estado que faça eu mudar um centímetro nessa nossa linha de investigação”, concluiu.