Uma entrevista concedida pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), no último sábado (17/04), ao portal de notícias Boletim da Liberdade, reverberou na Assembleia Legislativa. Isso porque o chefe do Executivo, ao ser questiondo sobre a relação com a Casa, criticou duramente deputados estaduais e insinuou que alguns membros do setor público pensam em ganho próprio ao invés do bem do estado, dizendo também que a área não precisa de “mercenários”.
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“É uma crítica injusta e grave também, na medida em que generaliza um comportamento para todos os parlamentares. Insinuar que a Assembleia negocia interesses pessoais, interesses financeiros, porque o sentido do termo mercenário é esse, é muito grave. O governador não pode fazer generalização dessa natureza. Se isso estiver ocorrendo, ele deve apontar diretamente quem são esses parlamentares”, disse, em comunicado emitido.
Outro parlamentar chateado foi Repórter Rafael Martins (PSD). “Durante a campanha eleitoral, o governador assinou em cartório um compromisso de que ele e todo o seu secretariado não receberiam salário. Seriam todos voluntários. O que se vê hoje é justamente o contrário. São destinados ao alto escalão do governo os famosos “jetons”, bonificações de até 14 mil reais por mês, que engordam ainda mais os salários dos secretários , subsecretários e assessores que ficam o dia todo no ar condicionado sem sequer conhecer a realidade do estado. Que voluntariado é esse da equipe do governador?”, afirmou pelas redes sociais.
“Venho manifestar que o governador me reafirmou que as declarações trazidas, de fato, não refletem o pensamento dele em relação ao Parlamento. E, sim, a sua visão geral de uma defesa pessoal da participação voluntária no setor público (...) Todos fazemos política o tempo inteiro. A demonização da política é um equívoco que só afasta os bons e a sociedade do debate. Se há desvios, precisam ser apontados e punidos. Generalizar só nos leva a interpretações equivocadas, em todas as áreas da vida. E a vida não é diferente da política”, afirmou Gustavo Valadares (PSDB), líder do governo na Assembleia.