A dupla, exonerada pelo governador Romeu Zema (Novo) nesta sexta, precisará prestar esclarecimentos na condição de investigada. Em reunião, cujo áudio, divulgado pela 'Rádio Itatiaia" e obtido pelo Estado de Minas, houve a sugestão de transferir servidores em home office para o trabalho presencial. A troca foi pensada para proteger os profissionais das investigações feitas por Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e Assembleia.
A reunião
Na gravação, um participante, que se apresenta como João e diz ser o chefe de gabinete, cita que a CPI e o MPMG solicitaram documentos detalhando se os imunizados estavam em home office ou em trabalho de campo à época da aplicação das injeções. Os órgãos de investigação pedem, ainda, que seja informado o regime de trabalho dos vacinados à época da reunião.Ele, então, sugere que funcionários vacinados em teletrabalho voltem ao expediente presencial para que ele possa alterar o documento a ser enviado às autoridades.
“Acho que seria mais seguro para vocês se passassem a ter regime presencial e que o documento indicasse isso”, diz.
O interlocutor pede aos demais participantes que trabalhem presencialmente durante a maior parte dos dias úteis. “Eu não manteria o regime de teletrabalho, de forma alguma. Passaria a vir quatro vezes por semana, no mínimo. Se fosse eu, particularmente, até viria todos os dias da semana, por precaução, mesmo que em alguns dias venha (por) menos horas”, pontua.
A proposta recebe a concordância de um dos ouvintes. “Se é a saída mais segura, vamos nela.”
Durante o encontro, ocorrido em uma sexta-feira sem data detalhada no áudio, um dos participantes confirma ter recebido a segunda dose da vacina três dias antes. João Pinho havia sido mantido no cargo mesmo após a demissão de Carlos Eduardo Amaral, em 11 de março, e a chegada de Fábio Baccheretti.
Everton, por seu turno, substituiu Virginia Cornélio da Silva, demitida no mês passado. Ela também precisará conversar com os parlamentares. O presidente da CPI, João Vítor Xavier, afirmou que o comitê está “estupefato” com o conteúdo da gravação. O áudio foi encaminhado ao MPMG.
Deputado vacinado também é alvo
O deputado estadual Professor Irineu (PSL) é outro que tem a situação apurada pela CPI do fura-fila. O político, de 63 anos, recebeu a injeção antiCOVID-19 em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, quando deveriam ser contemplados apenas cidadãos de 65 anos ou mais.
A CPI pediu à prefeitura betinense informações sobre o processo de vacinação de Irineu. A irregularidade foi confirmada pela administração local nessa quinta-feira (22).
Na semana passada, ao comentar o caso Irineu disse, em nota, ter ligado para uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da cidade. Ele afirma ter sido informado de que cidadãos com 63 anos estavam sendo vacinados. Ao chegar ao local, contudo, recebeu a notícia de que apenas os maiores de 65 estavam sendo contemplados, a não ser que houvesse excedente de doses.
“Professor Irineu foi avisado que poderia esperar. Caso houvesse sobra, o mesmo seria imunizado. E assim procedeu”, lê-se em trecho do comunicado.
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