O engenheiro João Camilo Pena, que foi ministro da Indústria e Comércio, entre 1979 e 1985, no governo de João Baptista de Oliveira Figueiredo, morreu, aos 95 anos, ontem, em Belo Horizonte. Foi também presidente da Cemig, de Furnas Centrais Elétricas, do Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos e da Fundação Dom Cabral e secretário de Estado de Fazenda de Minas Gerais. Ficou conhecido também por liderar marcos da infraestrutura brasileira e arquitetar o racionamento que evitou o colapso energético do país em 2001. Também comandou a construção de hidrelétricas, com destaque para a de Três Marias. Ele deixa esposa e duas filhas.
Graduado em engenharia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Camilo Pena nasceu em Corinto, Região Central de Minas, e era conhecido por sua inteligência, entusiasmo e enorme generosidade. Por isso, aconselhou governos, empresas e instituições setoriais, científicas e de fomento ao progresso. O ex-ministro também ficou conhecido pelo papel destacado na Cúpula das Américas (1997) e em planos estratégicos do setor público em áreas diversas. Entre eles, o ProÁlcool, programa do governo brasileiro para substituição dos carros movidos por petróleo.
Em 1984, João Camilo Pena deixou o Ministério de Indústria e Comércio para apoiar a candidatura do conterrâneo Tancredo Neves à Presidência da República, dentro do processo de redemocratização do país. No ano seguinte, já no governo José Sarney, assumiu a presidência da Furnas Centrais elétricas, cargo que ocupou até 1989. Após deixar a estatal, tornou-se membro dos conselhos consultivos e de administração de várias empresas, com destaque para a Companhia Siderúrgica Mannesmann, a Companhia Siderúrgica do Pará, a Itaipu Binacional, Companhia de Saneamento de Minas Gerais e o Consórcio Coopers Lybrand-Main Engenharia.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lamentou o falecimento do ex-ministro. “Minas Gerais e o Brasil perdem um dos seus mais brilhantes e ilustres homens públicos,que prestou relevantes serviços para o desenvolvimento da indústria e do país”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, em nota. “Presto sinceras e justas homenagens a ele, em meu nome e dos demais integrantes do Sistema Indústria”.
Também em nota, a Federação das Industrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), na qual Camilo Pena foi assessor especial, lamenta a morte do ex-ministro, destacando cargos importantes que ele ocupou ao longo da vida pública. “Um homem que ajudou, com seu trabalho e talento, a construir o Brasil. O setor produtivo mineiro lamenta a sua morte”, afirma Flávio Roscoe, presidente da Fiemg.
A Fundação Dom Cabral também divulgou nota manifestando profundo pesar pelo falecimento do ex-ministro. “Uma referência de liderança visionária, João Camilo Pena escreveu momentos marcantes da história do país, sendo personagem relevante do processo de desenvolvimento da indústria e do comércio nacionais”, diz a nota assinada por Emerson de Almeida, cofundador e presidente da Diretoria Estatutária da FDC, e Antonio Batista da Silva Junior, presidente-executivo da fundação.
“Na FDC, João Camilo Pena foi um colega e mentor generoso e responsável, em grande parte, pela construção da parceria da FDC com a escola de negócios norte-americana, Kellogg School of Management e pela criação do Centro de Tecnologia Empresarial (CTE), fórum que reuniu as mais importantes lideranças empresariais do Brasil no final da década de 80”, destaca a nota. “Expressamos a nossa gratidão e o reconhecimento pela inestimável colaboração ao país e à FDC deste grande exemplo de homem público.”