Na conversa divulgada pela “Rádio CBN” durante reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu) nesta terça-feira (27/4), o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, revelou que tenta convencer o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a se vacinar contra a COVID-19. Ramos desabafou e disse que teme pela vida de Bolsonaro, sobretudo por causa da nova cepa do coronavírus, que, segundo o ministro, é “violenta”.
Durante a pandemia, Bolsonaro defendeu a vacinação não-obrigatória e que seria o “último da fila” a ser imunizado. O presidente também fez diversas críticas à CoronaVac, produzida pelo laboratório Sinovac, da China, em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo. Na conversa desta terça, Ramos lembrou que Bolsonaro faz parte do “grupo de risco” da COVID-19, por ter 65 anos.
"Estou envolvido pessoalmente, tentando convencer o nosso presidente, independente de todos os posicionamentos. E nós não podemos perder o presidente para um vírus desse. A vida dele no momento corre risco. Ele tem 65 anos", disse o ministro.
A principal preocupação de Ramos é com as variantes da COVID-19. A P1, também conhecida como variante de Manaus, por exemplo, possui uma transmissão mais fácil. No diálogo durante a reunião, o ministro disse que perdeu um oficial das Forças Armadas, de 38 anos, por causa do coronavírus.
"Eu já me vacinei, o Guedes também. E tenho tentado convencer o presidente de que essa cepa — eu tive Covid em outubro do ano passado — ela é uma variante muito violenta que está ceifando vidas e próximas da gente. Na outra leva, isso não acontecia. Eu tenho um coronel que trabalha comigo na reserva, coronel, um homem de 38 anos, saudável, fazia maratona, tudo. Pegou Covid e em dez dias morreu", afirmou.
Ramos disse ter se vacinado “escondido”, seguindo, segundo ele, uma orientação do Planalto, de que ministros “não criassem caso” em relação à vacinação, evitando qualquer tipo de alarde. O chefe da Casa Civil foi o terceiro integrante do primeiro escalão do governo a receber a dose da vacina contra a COVID-19.
Em março, outros dois ministros do governo Bolsonaro receberam a primeira dose da vacina contra a COVID-19: Paulo Guedes (Economia) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República). Ambos têm mais de 70 anos.
Luiz Eduardo Ramos, por sua vez, tem 64.
“Tomei escondido porque a orientação era para todo mundo ir para casa, mas vazou. Mas tomei mesmo, não tenho vergonha não. Eu tomei e vou ser sincero porque eu, como qualquer ser humano, eu quero viver. Eu tenho dois netos maravilhosos, eu tenho uma mulher linda, eu tenho sonhos ainda. Então, eu quero viver, pô. E se a ciência, a medicina, fala que é a vacina — né Guedes? —, quem sou eu para me contrapor?", declarou Ramos.