Jornal Estado de Minas

DEBATE NO YOUTUBE

Kalil volta a criticar governo federal em live com Ciro, França e Mandetta

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), e os ex-governadores Ciro Gomes (PDT) e Márcio França (PSDB) participaram, nesta sexta-feira (30/4), de uma live da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). Com a proposta de  “caminhos para a reconstrução social”, o debate entre os políticos teve foco nas eleições de 2022, combate à pandemia e articulações





O ao vivo foi mediado por Antonio Neto e começou às 19 horas no Facebook e no YouTube da CSB. Para divulgar a live, a central criou a hashtag #UniãoPeloBrasil e ficou em primeiro lugar dos assuntos mais comentados do Twitter Brasil.

As críticas ao governo federal deram o tom da live que reuniu Kalil, Mandetta, Ciro e Márcio França. O quarteto não poupou a gestão que o governo Bolsonaro faz da pandemia da COVID-19 e disparou, inclusive, contra o ministro da Economia, Paulo Guedes.
 

Vacina  

 
Kalil afirmou que Belo Horizonte só teve vacinas para aplicar a segunda dose em sua população nesta semana porque desobedeceu orientação do Ministério da Saúde.“O que o Brasil todo gostaria é uma liderança confiável. Se eu tivesse obedecido, eu não teria segunda dose”, disse.




 
Segundo ele, a indicação do Ministério da Saúde era para aplicar os “lotes 7 e 8” da vacina, usando todas para a primeira dose. Porém, pela falta de imunizantes, pessoas que deveriam receber a segunda injeção poderiam perder o prazo. 

“Essa coordenação nos leva à insegurança total. Um desgaste emocional muito grande, do próprio prefeito. Um desgaste emocional do comerciante, que também sofre”, afirmou.

Kalil também criticou a polarização política e, principalmente, a “bolha” em Brasília que prejudica o país. “Não tem como comprar vacina no Brasil a não ser pelo governo federal”, completou o prefeito, ao afirmar que BH tem dinheiro para comprar imunizantes. 
 
“Em Brasília, estão fazendo lei querendo dividir compra (de vacinas) com o SUS. Quer dizer: não tem o menor conhecimento da ponta, do que está acontecendo. O problema da vacina não é dinheiro. É vacina (disponível). Não tem vacina para se comprar a não ser pelo governo federal. Esse é um problema que tem que ser debatido na CPI (da COVID-19 no Senado)”, afirmou.




Na transmissão, o prefeito de BH disse que está “puto com o que está acontecendo” no país. 

'Coordenação nacional foi mal gerida'

Kalil também destacou em sua primeira fala que BH investiu R$ 380 milhões na compra de cestas básicas e kits de higiene que são entregues uma vez por mês à população.

E criticou, como sempre tem feito, a “falta de apoio” dos governos estadual e federal.

“O resultado na ponta é o que interessa. Ninguém vive em Brasília ou em Minas Gerais. Você vive em Contagem ou em Fortaleza. A situação é dramática. Há um movimento dos prefeitos para que o governo do estado repasse o que deve. Eu acho que a coordenação nacional foi mal gerida, desorganizada”, disse.





O prefeito de Belo Horizonte ainda apontou que a responsabilidade da gestão da pandemia não foi “pedida” pelos prefeitos, mas foi imposta pelo Supremo Tribunal Federal. “Ninguém pediu para tomar conta de cidade. Ninguém foi lá na porta do Supremo pedir. Essa foi uma ordem", disse.

Polarização Política

Conforme Kalil, a discussão entre “direita e esquerda” pode provocar uma antipatia popular. “Se quer debater hoje com a população que não seja direita ou esquerda. Pobre não é burro, pobre é pobre. Enquanto a elite estúpida achava que pobre era burro, tinha um caboclo que em 2003 que falou ‘pobre não é burro’ e ganhou a eleição. Então, o pobre está sofrendo e vai ter antipatia desse assunto”.

Além disso, ele completou que os políticos do centro deveriam se organizar para as eleições de maneira interna, sem levar o debate para a população.

Mandetta revelou que se entendeu com Ciro Gomes e pediu diálogo entre pessoas com diferentes ideologias. 



“Eu e Ciro conversamos e nos entendemos perfeitamente, pois os valores eram maiores. O próximo passo é exatamente exercícios como esse em que a gente vai vendo aqueles que pregam que somos, diferentes, assimétricos, incapazes, vão se surpreender que não somos. Existem pesadelos que só sonhos para sair deles”, explicou o ex-ministro.

Eleições 2022

Para Kalil,é desumano falar em eleições no meio da pandemia”. “Eu sou muito pragmático. Não se tem debate político sério se não acontecer nesse país um arrefecimento dessa tragédia diária que nós estamos vivendo. Isso vai gerar uma antipatia popular nunca vista”, disse.

Kalil X Paulo Guedes

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 “É um liberal que deixa um projeto humanitário parado três meses no Congresso. É um desumano. É aquela velha piada: 'o banqueiro morreu do coração. Morreu do coração como? Ele não tem coração'. Então, banqueiro não morre do coração”, disse o prefeito sobre o ministro da Economia.

Kalil também disse que os ministros do governo têm “apego” pelo cargo que ocupam e obedecem aos anseios do presidente sem questioná-lo.

“O presidente manda e eles obedecem. É um apego ao cargo inexplicável. Essa cadeira hoje humilha. Qualquer um que levanta a bunda dessa cadeira sai muito maior. Está a prova do ministro Mandetta aqui”, afirmou.
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira  







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