A prisão de um homem apontado como responsável por atirar ovos em manifestantes durante um protesto bolsonarista em Belo Horizonte no último sábado (1º/5) pode virar tema de uma audiência pública na Câmara dos Deputados em Brasília (DF).
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) protocolou, nessa segunda-feira (3/5), um requerimento na Comissão de Direitos Humanos da Casa pedindo uma discussão sobre o episódio.
No fim de semana, forças de segurança e parlamentares alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entraram no apartamento de Filipe da Fonseca Cezario, 32 anos, que foi acusado de jogar ovos nos manifestantes na Avenida Afonso Pena, Centro de Belo Horizonte. Ele chegou a ficar detido por algumas horas.
Rogério Correia também acionou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Corregedoria da Polícia Militar e outras autoridades de segurança do estado para esclarecerem a ação de sábado.
“A arbitrariedade desta prisão é típica dos regimes ditatoriais, uma vez que os policiais não tinham mandato e sequer provas substanciais para acusar Felipe”, avalia o deputado federal, segundo sua equipe.
Em Minas, doze deputados estaduais filiados ao PT, Rede Sustentabilidade, PSOL, PCdoB e PSB também querem que a Corregedoria da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) dê explicações sobre a ação que levou o rapaz a ser detido. O requerimento solicitando explicações foi encaminhado à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e precisa de aprovação dos integrantes do grupo para ser remetido à PM.
Relembre
Perto das 13h, a polícia – acompanhada de manifestantes – foi até a portaria do prédio de Filipe da Fonseca Cezario. Alegando que se tratava de um flagrante, pois havia supostas imagens que mostravam um morador jogando ovos da janela, os policiais subiram até o apartamento.
O homem saiu algemado e foi levado para a delegacia. Manifestantes a favor de Bolsonaro aplaudiram a ação.
Uma moradora do prédio contou que o vídeo, usado como prova para a prisão em flagrante, não foi mostrado. Ele acabou liberado na noite do mesmo dia.
"Foi muito injusto, a situação é revoltante. Na rua, várias pessoas aglomeradas, sem máscara e pedindo intervenção militar, e eles invadem o nosso apartamento?", relatou, sob anonimato, uma moradora do edifício.
Após a detenção, Cezario prestou depoimento na Central de Flagrantes (Ceflan) da Polícia Civil, que fica da Rua Conselheiro Rocha, no Bairro Floresta, Região Leste de BH.