O partido Novo anunciou, nesta quinta-feira (6/5), que vai punir o deputado estadual mineiro Bernardo Bartolomeo, o Bartô. O parlamentar presenciou ação policial que prendeu, no último sábado (1º/5), em Belo Horizonte, homem apontado como autor de ataque de ovos a manifestantes bolsonaristas. Na gravação da detenção, é possível ver Filipe da Fonseca Cezario, o acusado, e seus amigos, solicitarem — sem serem atendidos — mandado justificando a ação e suposto vídeo que embasaria o flagrante.
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Enquanto as forças de segurança conversavam com o rapaz no interior do apartamento, Bartô acompanhou a cena do corredor do prédio, ao lado de testemunhas do suposto ataque. O partido Novo classificou a postura de seu filiado como “deplorável” e “vergonhosa”. Uma sindicância foi aberta.
“A atitude de Bartô, deputado estadual de Minas Gerais, é vergonhosa e completamente incompatível com a de um servidor público, especialmente do Novo, partido que foi fundado para transformar o Brasil em um país admirável. O Diretório Nacional já tomou as medidas cabíveis junto à Comissão de Ética Partidária para punir adequadamente este ato deplorável, que desrespeita o Estado de Direito, a Constituição e o Estatuto do Novo”, lê-se na nota da legenda.
Bartô abre fogo contra o partido
Procurado pelo Estado de Minas para comentar a posição de seu partido, Bartô contou não ter sido procurado pela direção da sigla para tratar do caso.
“Causa-me estranheza um partido que se diz prezar pelo Estado Democrático de Direito sequer ouvir o outro lado antes de fazer julgamentos, inclusive, baseados em notícias midiáticas”, diz, em nota enviada por meio de sua assessoria.
Bartô afirmou, ainda, que o Novo tem se aproximado de forças de esquerda, como Ciro Gomes (PDT), que disputou a eleição presidencial de 2018.
"Porém, infelizmente, isso não me surpreende já que o Novo, cada vez mais, se aproxima da esquerda e persegue quem é da direita. Exemplo é o caso da aproximação do Amoedo com o Ciro e nada é feito”, argumentou, mencionando João Amoêdo, ex-presidente nacional do Novo e representante da agremiação na última corrida rumo ao Palácio do Planalto.
Vídeo mostra ação; deputado se justificou a colegas
Nessa quarta-feira (5/5), o EM publicou vídeo que mostra parte da ação policial na residou ncia de Filipe. Ele é orientado por um dos policiais a deixar o celular com um de seus colegas de apartamento. Depois de aceitar acompanhar os agentes, deixa o apartamento.
Na saída para o elevador, sua namorada, Andreza Francis, pergunta para qual delegacia o rapaz seria levado. Ela não obtém resposta dos policiais, que só informam o endereço após pedido de Bartô.
A repercussão do caso fez o político pedir a palavra na terça-feira(4), durante reunião plenária da Assembleia Legislativa, para se defender. Ele alegou não ter se identificado como deputado durante o imbróglio. O parlamentar garantiu que não afirmou que Filipe foi o responsável por atirar ovos em manifestantes.
Segundo Bartô, o analista de sistemas foi levado sob custódia por desacato. Aos colegas, ele justificou que o analista de sistemas, quando passou a falar com a advogada, ignorou ordens dadas por policiais. “Não houve, por hora alguma, abuso de autoridade por parte deste deputado”, se defendeu, alegando ter subido ao andar de Filipe para “assessorar” uma testemunha do suposto ataque de ovos.
“Repudio todo e qualquer ato de agressão, sendo dever do cidadão evitar que esse tipo de ação seja praticada por qualquer pessoa, independente de sua ideologia.”, deputado estadual Bartô”, reforçou, na nota enviada nesta quinta.
Bartô é deputado em primeiro mandato. Em 2018, obteve 31.991 votos. O partido Novo tem mais duas cadeiras no Parlamento mineiro.
Deputados querem explicações da corregedoria
Na segunda, 12 deputados estaduais de PT, PCdoB, Rede Sustentabilidade, Psol e PSB oficializaram a intenção de pedir à corregedoria da PMMG que forneça explicações sobre a prisão. O grupo encaminhou ofício à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia com o pedido. Se houver aval do colegiado, a solicitação será enviada à corporação.
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados também oficializou a intenção de discutir o tema. O grupo vai promover audiência pública. A ideia é, inclusive, ouvir o policial responsável pela autuação.
Nesta quinta, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) informou, por meio do Comando de Policiamento da Capital, que instaurou procedimento administrativo para apurar as circunstâncias que geraram a prisão.