Para não se indispor com o problemático chefe, mas também evitando entrar para o rol do negacionismo – o que definitivamente arruinará a reputação de qualquer médico minimamente sério – o quarto ministro da Saúde do governo Bolsonaro, terceiro a depor na CPI da Pandemia, se equilibrou de forma vacilante em terreno pantanoso.
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Sem querer endossar a hidroxicloroquina – já banida dos protocolos de todos os organismos científicos e internacionais para o tratamento da COVID-19 – mas sem desejar confrontar as crendices de Bolsonaro, Queiroga se omitiu, deixando claro: quem faz a política de enfrentamento à COVID no Brasil é o presidente da República. A CPI, já entendeu isso. Resta saber, poderá convocar Jair Bolsonaro? Juridicamente, será esta uma possibilidade, ainda que sem precedentes na história deste país?
Ou seja, em vez de privilegiar a aquisição de vacinas, promoveu a cloroquina. Daí a insistência da CPI em torno do dito fármaco.
Questionado novamente pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) se concordava com o uso do medicamento, Queiroga desconversou: "Está sendo elaborado um protocolo e eu sou última instância decisória, se eu manifesto uma opinião aqui eu invalido a decisão."
Ele tampouco soube responder o senador Randolfe Rodrigues (AP-Rede), quando este lhe perguntou se encontrou 4 milhões de comprimidos de cloroquina estocados no ministério quando assumiu.
"Não sei. Não me deparei para verificar os estoques deste fármaco", disse.
E garantiu ter autonomia, algo que nem Nelson Teich nem Mandetta encontram à frente da pasta. Enfim, Queiroga rodopiou, balançou, mas agarrado ao emprego, empurrou o “testemunho”. Acrescentou pouco. Da próxima vez, melhor chamar o chefe.