O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar em decreto federal para barrar as medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos contra a pandemia de COVID-19, em sua transmissão semanal ao vivo pela internet, quando também defendeu mais uma vez o tratamento precoce com cloroquina, atacou o relator da CPI da COVID, Renan Calheiros (MDB-AL), e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. “É realmente complicado viver nesse país? Ser criticado por um decreto que vai copiar o inciso do artigo 5º da Constituição. Se for necessário, vamos fazer isso daí”, disse o presidente. Pouco antes da fala de Bolsonaro, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgou os novos números da COVID. O Brasil registrou 2.550 mortes nas últimas 24 horas, atingindo o total de 416.949 desde março do ano passado. Foram registrados também 73.380 diagnósticos positivos, alcançando a marca de 15.003.563 de pessoas contaminadas.
“A AstraZeneca vai aumentar o lucro em 2021, com toda certeza, se a pandemia continuar. Vai aumentar em 2022, 2023 e 2024. Não sou cientista, médico ou infectologista. Mas acho que devemos procurar o remédio para a questão da COVID-19”, afirmou o presidente, ao se referir à cloroquina, ivermectina e azitromicina. “A CPI bateu muito no Queiroga. Cloroquina, cloroquina, o tempo todo esse assunto. Ah, mas o presidente falou... Eu fui tratado com cloroquina e ponto final. O secretário de Saúde do Doria usou. Negou até aparecer a receita médica. No mínimo, 10 senadores usaram”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro afirmou também: “Então, quem não tem alternativa, cala a boca, deixa de ser canalha com quem usa alguma coisa”. Bolsonaro disse que toma Coca-Cola para se curar de eventuais problemas estomacais. “Vou abrir o jogo. Amanhã vou até ser criticado. Quando tenho problema de estômago, alguém sabe o que eu tomo? Coca-Cola. E fico bom. É problema meu. O bucho é meu. Talvez meu bucho corroído me salvou da facada do Adélio”, afirmou.
Na live, Bolsonaro também criticou o relator da CPI da COVID, Renan Calheiros, dizendo que o filho do senador, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), deve ser investigado pela comissão. Bolsonaro afirmou que houve desvio de recursos no estado chefiado por Filho. Sem citar o nome de Calheiros, Bolsonaro disse que suas frases “não matam ninguém” e que o que tira vidas é “desvio de recurso público que o estado desviou”, se referindo a Alagoas. O presidente também pediu que Renan Filho fosse investigado na CPI.
“Sabe o que eu diria para o senador? Prezado senador, frase não mata ninguém. O que mata é desvio de recurso público que seu estado desviou. Vamos investigar seu filho que a gente resolve o problema. Desvio mata. Frase não mata”, afirmou Bolsonaro. A resposta de Renan Calheiros veio durante a parte final da sessão da CPI. “Com todo respeito ao presidente, o que mata é a pandemia, pela inércia que eu torço que não seja dele (Bolsonaro). Não queremos fulanizar isso. Com relação a Alagoas, que ele não gaste seu tempo ociosamente como tem gasto enquanto os brasileiros estão morrendo. Aqui nesta CPI, se houver necessidade, todos serão investigados, sem exceção”, disse Renan Calheiros.
VOTO IMPRESSO
Durante a transmissão, Bolsonaro criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e afirmou que fará articulação no Congresso para aprovar o voto impresso nas eleições de 2022. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente se referiu ao Brasil como “republiqueta” e disse que não haverá eleição caso o voto seja eletrônico. “Barroso é o dono do mundo, o homem da verdade. Se Jesus Cristo baixar na Terra, ele vai ser boy do ministro Barroso. Ninguém mais aceita esse voto. Como vamos falar se o voto é preciso, é legal, é justo e não é fraudado”, afirmou o presidente.
“A única republiqueta do mundo que aceita o voto é a nossa. Tem que ser mudado. Se o Parlamento aprovar, sendo três quintos da Câmara e do Senado, vai ter voto impresso em 2022 e ponto final. Se não tiver voto impresso, não tem eleição”, completou.