A prestação de contas do prefeito Alexandre Kalil (PSD) aos integrantes da Câmara Municipal de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (10/5), foi marcada por troca de farpas entre o chefe do poder Executivo municipal e alguns vereadores. Enquanto detalhava a execução do Orçamento do ano passado, Kalil subiu o tom contra um parlamentar bolsonarista, divergiu de correligionários de Romeu Zema (Novo) e até mesmo se desculpou por uma “questão familiar”.
A “treta” mais quente desta segunda teve Nikolas Ferreira como um dos protagonistas. Defensor do fim das restrições econômicas impostas pela pandemia de COVID-19, o parlamentar teceu críticas a Kalil.
“Você não tem diálogo, planejamento, nem previsão para esta cidade. Eu tenho pena dos belo-horizontinos que têm o senhor como prefeito dessa cidade”, reclamou.
Em março, o vereador, de 24 anos confundiu o filho do prefeito com um empresário que estava em uma praia ao criticar as medidas de restrição do comércio. O erro de Nikolas nas redes sociais foi lembrado por Kalil.
“Você, vereador, é o que fez a fake news com meu filho, não é isso? Primeiro, respeita meu filho, respeita minha família. Você não deve respeitar nem seu pai e sua mãe”, disse Kalil.“Braveza de garoto a gente responde com palmada”, disparou.
Inconformado com o tratamento dispensado a ele, Kalil deu uma bronca em Nikolas. “Acho que você devia sentar com seu pai, sua mãe, sentar com gente que ainda pode te dar conselho, aprender a respeitar um homem de 62 anos, eleito em primeiro turno, escolhido pela população”.
Kalil seguiu alfinetando o vereador. “Da fake news a esse monte de agressões — e eu perdi completamente a conta — e essa falsa coragem de internauta pode amedrontar seus coleguinhas, seus amiguinhos – você deve jogar bolinha de gude – mas a mim, não”, disse o prefeito, na última alfinetada ao bolsonarista.
“Qual o planejamento vai ser feito para a prefeitura, já que não temos mais dinheiro? Ou vai vir um novo pedido de empréstimo a esta Casa com a alegação de que o povo passa fome por nossa causa?”, falou.
O empréstimo citado por Fernanda acabou barrado em março, por apenas um voto. A ideia era captar U$$ 160 milhões (R$ 907 milhões, em valores da época da rejeição). O dinheiro seria utilizado para financiar obras de contenção de enchentes no entorno da Bacia do Ribeirão Isidora, no Vetor Norte.
Ao responder o questionamento de Fernanda Altoé, Kalil disse que as comparações com Zema tinham fins eleitorais e criticou o voto contrário da vereadora ao empréstimo.
“Isso não faz parte do escopo da prestação de contas de 2020. Faz parte do palanque eleitoral, elogioso, do qual a senhora votou contra um empréstimo de (quase) R$ 1 bilhão, que para a “prefeiturinha” de Belo Horizonte seria muito dinheiro. Para pobre. Para obra”, rebateu.
Foram 27 votos favoráveis ao texto e outros 12 contrários. Ciro foi um dos que optou pelo ‘não”. “Da próxima vez que o senhor quiser um voto na Câmara, meu, poderia me chamar, e não envolver pessoas que não foram eleitos. Quem foi eleito foi o senhor, pela população. O vereador (eleito) fui eu, não meu pai”, reclamou.
Kalil, então, se dirigiu aos dois integrantes da família Pereira. “Só pedi ao seu pai para pedir o seu voto. Não ofendi o seu pai em hora nenhuma. Fui muito bem educado pela minha mãe. Não ofendo, inclusive, gente mais velha do que eu. Se isso lhe ofendeu, me desculpo. Se isso ofendeu ao seu pai tanto assim, me desculpo. A única coisa que pedi foi um voto para ajudar o pobre. Não pedi nada para mim. Não pedi camiseta Hering e muito menos um par de sapatos”.
Ela reivindicou a correção da “rota da educação na cidade”. “Educação é uma política pública básica. Não fazer nada não é uma opção para quem senta na cadeira da prefeitura”, falou.
Em determinado momento, Marcela disse que jovens belo-horizontinos poderiam sentir, por muito tempo, os efeitos do que chamou de “omissão” do poder público.
“Me parece que Belo Horizonte é uma ilha de desgraça educacional perante um estado brilhante. E, provavelmente, o estado deve estar todo interligado na internet, pelas suas palavras tão veementes. Deve ter sido investido muito dinheiro na educação tecnológica do estado, como foi investido em cesta básica, alimentação e várias coisas, inclusive na tempestade, aqui, de 2020”, respondeu Kalil, enfaticamente, em menção às chuvas que assolaram a capital mineira no início do ano passado.
O prefeito utilizou até mesmo a Segunda Grande Guerra para assegurar a recuperação do ensino municipal.
“O Brasil foi atingido por um ano — e talvez seja por dois ou três — de pandemia. A Europa foi atingida por seis anos de uma guerra cruel. E a educação foi recuperada. Então, por uma questão de leitura histórica, poderemos, sim, dar um grande salto. Temos uma tecnologia que produziu uma vacina em seis meses. A penicilina, muito mais simples de ser feita, foi descoberta em 1929, mas usada apenas em 1945”.
No momento mais tenso, esteve Nikolas Ferreira (PRTB), apoiador ferrenho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e crítico contumaz do prefeito. Com Fernanda Pereira Altoé (Novo), demonstrou irritação por comparações ao governador mineiro, Romeu Zema, do mesmo partido. Na vez de Marcela Trópia, outra correligionária do governador, houve alfinetadas diretas no ocupante do Palácio Tiradentes.
Kalil para Nikolas Ferreira: Braveza de garoto a gente responde com palmadahttps://t.co/fncMGnvsOA pic.twitter.com/1zPh9Gz53i
%u2014 Estado de Minas (@em_com) May 10, 2021
Ciro Pereira, do PTB, usou parte do tempo para reclamar com o prefeito, que pediu ao pai do parlamentar, o pastor Jeremias Pereira, que convencesse o filho a votar favoravelmente a um empréstimo bilionário para financiar obras de contenção de enchentes. O Estado de Minas resume os principais “rounds” do encontro.
‘Braveza de garoto a gente responde com palmadas’
A “treta” mais quente desta segunda teve Nikolas Ferreira como um dos protagonistas. Defensor do fim das restrições econômicas impostas pela pandemia de COVID-19, o parlamentar teceu críticas a Kalil.
“Você não tem diálogo, planejamento, nem previsão para esta cidade. Eu tenho pena dos belo-horizontinos que têm o senhor como prefeito dessa cidade”, reclamou.
Em março, o vereador, de 24 anos confundiu o filho do prefeito com um empresário que estava em uma praia ao criticar as medidas de restrição do comércio. O erro de Nikolas nas redes sociais foi lembrado por Kalil.
“Você, vereador, é o que fez a fake news com meu filho, não é isso? Primeiro, respeita meu filho, respeita minha família. Você não deve respeitar nem seu pai e sua mãe”, disse Kalil.“Braveza de garoto a gente responde com palmada”, disparou.
Inconformado com o tratamento dispensado a ele, Kalil deu uma bronca em Nikolas. “Acho que você devia sentar com seu pai, sua mãe, sentar com gente que ainda pode te dar conselho, aprender a respeitar um homem de 62 anos, eleito em primeiro turno, escolhido pela população”.
Kalil seguiu alfinetando o vereador. “Da fake news a esse monte de agressões — e eu perdi completamente a conta — e essa falsa coragem de internauta pode amedrontar seus coleguinhas, seus amiguinhos – você deve jogar bolinha de gude – mas a mim, não”, disse o prefeito, na última alfinetada ao bolsonarista.
Rescaldo de um empréstimo frustrado (parte 1)
Quando pediu a palavra, Fernanda Pereira Altoé disse não estar fazendo comparações, mas fez contrapontos entre as gestões de Kalil e Zema. Depois, perguntou sobre a possibilidade de cortes na máquina pública municipal com o objetivo de reforçar os cofres públicos.“Qual o planejamento vai ser feito para a prefeitura, já que não temos mais dinheiro? Ou vai vir um novo pedido de empréstimo a esta Casa com a alegação de que o povo passa fome por nossa causa?”, falou.
O empréstimo citado por Fernanda acabou barrado em março, por apenas um voto. A ideia era captar U$$ 160 milhões (R$ 907 milhões, em valores da época da rejeição). O dinheiro seria utilizado para financiar obras de contenção de enchentes no entorno da Bacia do Ribeirão Isidora, no Vetor Norte.
Ao responder o questionamento de Fernanda Altoé, Kalil disse que as comparações com Zema tinham fins eleitorais e criticou o voto contrário da vereadora ao empréstimo.
“Isso não faz parte do escopo da prestação de contas de 2020. Faz parte do palanque eleitoral, elogioso, do qual a senhora votou contra um empréstimo de (quase) R$ 1 bilhão, que para a “prefeiturinha” de Belo Horizonte seria muito dinheiro. Para pobre. Para obra”, rebateu.
Rescaldo de um empréstimo frustrado (parte 2)
A intervenção de Ciro Pereira parecia normal. Ele fazia perguntas ao prefeito quando manifestou descontentamento por uma atitude de Kalil à época da votação do empréstimo frustrado. A tentativa de buscar o voto de Ciro por meio do pastor Jeremias Pereira, seu pai, não foi bem digerida pelo parlamentar.Foram 27 votos favoráveis ao texto e outros 12 contrários. Ciro foi um dos que optou pelo ‘não”. “Da próxima vez que o senhor quiser um voto na Câmara, meu, poderia me chamar, e não envolver pessoas que não foram eleitos. Quem foi eleito foi o senhor, pela população. O vereador (eleito) fui eu, não meu pai”, reclamou.
Kalil, então, se dirigiu aos dois integrantes da família Pereira. “Só pedi ao seu pai para pedir o seu voto. Não ofendi o seu pai em hora nenhuma. Fui muito bem educado pela minha mãe. Não ofendo, inclusive, gente mais velha do que eu. Se isso lhe ofendeu, me desculpo. Se isso ofendeu ao seu pai tanto assim, me desculpo. A única coisa que pedi foi um voto para ajudar o pobre. Não pedi nada para mim. Não pedi camiseta Hering e muito menos um par de sapatos”.
Zema ganha ‘indireta’
Integrante da bancada do Novo no Parlamento belo-horizontino, Marcela Trópia questionou a decisão, da prefeitura, de não investir em uma plataforma de ensino remoto. A vereadora afirmou estar preocupada com a recuperação da aprendizagem dos alunos de BH.Ela reivindicou a correção da “rota da educação na cidade”. “Educação é uma política pública básica. Não fazer nada não é uma opção para quem senta na cadeira da prefeitura”, falou.
Em determinado momento, Marcela disse que jovens belo-horizontinos poderiam sentir, por muito tempo, os efeitos do que chamou de “omissão” do poder público.
“Me parece que Belo Horizonte é uma ilha de desgraça educacional perante um estado brilhante. E, provavelmente, o estado deve estar todo interligado na internet, pelas suas palavras tão veementes. Deve ter sido investido muito dinheiro na educação tecnológica do estado, como foi investido em cesta básica, alimentação e várias coisas, inclusive na tempestade, aqui, de 2020”, respondeu Kalil, enfaticamente, em menção às chuvas que assolaram a capital mineira no início do ano passado.
O prefeito utilizou até mesmo a Segunda Grande Guerra para assegurar a recuperação do ensino municipal.
“O Brasil foi atingido por um ano — e talvez seja por dois ou três — de pandemia. A Europa foi atingida por seis anos de uma guerra cruel. E a educação foi recuperada. Então, por uma questão de leitura histórica, poderemos, sim, dar um grande salto. Temos uma tecnologia que produziu uma vacina em seis meses. A penicilina, muito mais simples de ser feita, foi descoberta em 1929, mas usada apenas em 1945”.