O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu nesta segunda-feira, 10, a aprovação de uma "reforma tributária possível", possivelmente fracionada entre Câmara e Senado e dividida em duas, sendo um texto para alterar incidência de impostos sobre renda e outra sobre consumo. "Quanto mais pesada, pior de ser feita", declarou Lira, em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil.
De acordo com o parlamentar, o atual Congresso Nacional é reformador e quer destravar a pauta econômica ainda em 2021, considerando a dificuldade em dar andamento a projetos polêmicos em ano eleitoral.
Lira ainda voltou a defender a extinção da comissão mista da reforma tributária, medida anunciada na semana passada alegando esgotamento de prazos regimentais. "Reforma tributária é uma pauta que não pode ter percalços", afirmou.
O presidente da Câmara também manteve seu discurso de que a alteração no sistema de tributação brasileiro não deve ter paternidade, e sinalizou que outro relator poderá ser indicado para tocar a pauta na Casa. Responsável pelo relatório na comissão extinta, o deputado Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB), apesar de correligionário de Lira, é aliado político do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), rival do atual presidente da Câmara nas eleições de fevereiro deste ano.
Já a reforma administrativa, após apreciação em comissões e plenário, deve ser entregue ao Senado dentro de um mês e meio, disse Lira, durante a entrevista. O presidente da Câmara também se comprometeu em discutir privatizações, sem especificar de quais empresas se tratava.
Urnas eletrônicas
Embora tenha reiterado sua confiança urnas eletrônicas, Arthur Lira defendeu a possibilidade de se "tirar dúvidas" sobre o sistema eleitoral brasileiro. Segundo ele, se a adoção do voto impresso tiver de ser discutida, será debatida rapidamente no Congresso Nacional.
"Se eu acredito na urna eletrônica, não tem por que não tirar dúvidas. Não podemos chegar a uma eleição com uma parcela da população colocando sub judice o resultado da eleição", declarou Lira ao programa da TV Brasil.
O presidente da Câmara ainda renovou críticas à instalação da CPI da Covid no Senado Federal. O colegiado, na visão de Lira, estaria acontecendo em um "momento inoportuno".
"Não é momento de procurar culpados. Quem cometeu seus erros, pagará por eles", disse, argumentando que o Congresso Nacional deveria estar mais preocupado com o fornecimento de vacinas contra o novo coronavírus e com a pauta econômica. "Eu não estou defendendo o Palácio do Planalto. Eu nunca disse que era contra a CPI. Mas estão transformando a CPI em palanque político, e a população está de olho nisso".
Lira disse ainda ser prejudicial discutir alianças para eleições de 2022 em meio à pandemia e à crise econômica. O deputado afirmou também que não participa dessas conversas neste momento, nem mesmo em Alagoas, seu Estado.