A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) avalia que a CPI da Covid já obteve informações comprometedoras para o governo Jair Bolsonaro. "Tentar mudar uma bula é, no meu entendimento, algo criminoso", disse ela ao Estadão. Embora não seja integrante da CPI, Eliziane liderou reação à tentativa de aliados do governo de romper o acordo que garantiu às mulheres o direito de se manifestar nas reuniões.
Qual caminho a sra. vê para a CPI da Covid?
A gente começa a constatar de forma mais real, com os depoimentos, o que vínhamos percebendo na postura do presidente, que é colocar questões ideológicas e políticas acima das questões científicas e técnicas. Vimos isso nos depoimentos do (Nelson) Teich e do (Luiz Henrique) Mandetta (ex-ministros da Saúde). E, quando conversamos com (o atual titular da pasta, Marcelo) Queiroga, nós o vemos liso, tenso, com medo de desagradar ao presidente, de falar o que realmente pensa.
O que classifica como mais grave, nos depoimentos, até aqui?
Colocar as questões ideológicas acima da ciência. Isso significa vidas perdidas. Tentar, por exemplo, mudar uma bula, criar um protocolo à revelia das orientações da ciência é, no meu entendimento, algo criminoso.
O que espera da investigação sobre a compra de vacinas?
Se foi feita alguma ação condicionada do governo com relação a esse contrato, é muito clara a responsabilidade do governo no que estamos vivenciando hoje. Temos mais de 410 mil mortes. O governo pode ter grande parcela de culpa com relação a essas mortes.
Que pontos o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello deve esclarecer no depoimento?
Foi no momento dele que tivemos quase 4 mil mortes por dia, que tivemos o pedido de oxigênio para Manaus e o envio de cloroquina. A presença dele é muito importante. Ele sabe o que pode surgir lá e está criando todas as formas de impedir.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.