Partiu do Palácio do Planalto a determinação para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, editasse uma portaria liberando a farra de salários dentro do governo. A pressão foi exercida, principalmente, pelos ministros militares, que são os maiores beneficiados pelo teto duplex.
No caso do ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, o contracheque terá aumento de 69% (R$ 27 mil), para R$ 66,4 mil. O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, por sua vez, embolsará R$ 62 mil, ou R$ 22,8 mil a mais (alta de 58%). Ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, engordará a conta bancária em R$ 23,8 mil (mais 60%), com salário de R$ 63 mil.
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Mesmo com a cobrança do Planalto, os técnicos da Secretaria de Gestão resistiram em burlar a lei. Em dezembro último, porém, veio um ultimato, sob o argumento de que havia decisões do STF que liberava o duplo teto, posição que foi reforçada por um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU).
Porteiras abertas
Ainda assim, houve uma reação dos técnicos, mas eles acabaram ficando de mãos atadas, pois o ministro Paulo Guedes ordenou que as porteiras fossem abertas. Alguns integrantes da Secretaria de Gestão chegaram a cogitar a sair. O então chefe área, Wagner Lenhart, deixou o cargo.
A farra dos salários beneficia, também, o presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente, Hamilton Mourão. No caso de Bolsonaro, o aumento no contracheque será de R$ 2.300, para R$ 41,6 mil. Mourão passará a ganhar 62% mais, ou seja, R$ 63,5 mil.
Pelas novas regras, o limite previsto na Constituição passa a valer sobre cada remuneração e não mais sobre a soma de todos os rendimentos, sobre a qual incidia o abate teto. Agora, o que for inferior ao que recebem os ministros do Supremo pode ser somado, resultando em supersalários.