O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos mais ferrenhos críticos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID, instalada pelo Senado, já protestou contra um depoente que, embasado por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ficou em silêncio durante oitiva de outra CPI, ocorrida em 2016.
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A revolta de Eduardo Bolsonaro por causa do uso de um habeas corpus em CPI ocorreu há pouco mais de cinco anos. Em abril de 2016, os deputados atuavam em comissão que investigava a atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai). O então secretário de Finanças e Administração da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Veras dos Santos, se calou.
“Eu fico muito triste em ver esse tipo de atitude. Me lembra do tempo quando eu estava na ativa da polícia. E é exatamente do mesmo jeito: vagabundo, ‘tá’ no meio dele, tá com aquela claque comprada no Palácio do Planalto, fala o que ele quiser. É o valentão. O maioral. Chega aqui na frente da gente, olha até para baixo”, disparou o parlamentar, à época filiado ao PSC.
O advogado de Aristides reclamou do tom adotado por Eduardo, mas não foi suficiente para pôr fim ao discurso. “Pode reclamar, senhor advogado. Eu falei alguma mentira? Isso é conduta de covarde. Não tem um pingo de vergonha na cara, fica aí engolindo (a) seco. Fala aí, agora, a verdade”, continuou.
“Sei que tem um habeas corpus preventivo para não poder falar. Perde essa oportunidade e endossa o que acabei de falar: é uma pessoa covarde, segundo o dicionário Aurélio, que nao tem um pingo de vergonha na cara de falar o que bem quiser no Palácio do Planalto e chegar aqui, na frente das pessoas destinatárias da sua fala, e fazer essa cara de paisagem”, bradou o filho do presidente da República — que, ainda na condição de deputado, também compareceu à reunião.
Eduardo mencionou o Palácio do Planalto duas vezes durante sua intervenção pois Aristides foi convocado a depor por ter dito, em cerimônia na sede do governo, que a ocupação de propriedades de congressistas era um meio de defender a presidente Dilma Rousseff (PT) do processo de impeachment que corria.
O deputado federal mineiro André Janones (Avante) postou o vídeo em suas redes sociais. Em tom irônico, ele sugeriu aos senadores que, caso haja aval do STF ao habeas corpus pedido por Pazuello, Eduardo Bolsonaro receba tempo para protestar contra a decisão da Suprema Corte, como fez em 2016.
Onyx também já criticou habeas corpus
Apoiador de primeira hora do presidente e um de seus homens de confiança, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, disparou contra o ex-presidente da Petrobrás, Nestor Cerveró.
O ex-executivo, alvo da CPI que investigava desvios na estatal de petróleo, também ficou em silêncio durante a oitiva. “Cerveró ouviu de mim que em CPI quem se vale do direito de ‘ficar calado’ tem coisa a esconder, só bandido usa disso”, escreveu Onyx.
Renan não quer silêncio de general
Quem não gostou nada da tentativa de blindar Pazuello foi o relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL). Ele solicitou aos ministros da Suprema Corte que rejeitem o habeas corpus solicitado pelo general. O senador afirmou que a medida “equivale a esconder do povo informações cruciais”