Cerca de 160 policiais federais cumprem 35 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo e no Pará em operação deflagrada na manhã desta quarta-feira, 19. A Operação Akuanduba faz buscas em endereços ligados ao ministro Ricardo Salles e ao Ministério do Meio Ambiente. As ordens foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Por volta das 7h30, três agentes da Polícia Federal (PF) deixaram a sede do ministério carregando malotes. Duas viaturas da corporação seguem em frente ao prédio da pasta.
A ofensiva visa apurar crimes contra a administração pública - corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando - supostamente praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro, diz a PF.
O STF determinou a quebra dos sigilos fiscal e bancário do ministro do Meio Ambiente e de servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O Supremo também determinou o afastamento preventivo de dez agentes públicos ocupantes de cargos e funções de confiança no Ibama e no Ministério do Meio Ambiente.
Segundo a GloboNews, entre os afastados está o próprio presidente do Ibama, Ricardo Fortunato Bim. A emissora também informou que Salles já estaria depondo na PF.
O STF também suspendeu a aplicação do Despacho nº 736900/2020, que afrouxa regras para exportação de madeira.
De acordo com a Polícia Federal, as investigações tiveram início em janeiro deste ano "a partir de informações obtidas junto a autoridades estrangeiras noticiando possível desvio de conduta de servidores públicos brasileiros no processo de exportação de madeira".
A corporação informou que o nome da ofensiva, Akuanduba, faz referência a "uma divindade da mitologia dos índios Araras, que habitam o Estado do Pará". "Segundo a lenda, se alguém cometesse algum excesso, contrariando as normas, a divindade fazia soar uma pequena flauta, restabelecendo a ordem", registrou a PF em nota.
Salles no olho do furacão
Desde o início do atual governo, os indicadores de desmatamento têm batido sucessivos recordes no Brasil e motivado um repúdio internacional sem precedentes sobre a política ambiental brasileira, com efeitos econômicos, sobretudo no agronegócio.
Salles já estava na mira do Congresso, do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Supremo Tribunal Federal (STF). Acusado de tentar atrapalhar uma megaoperação da Polícia Federal no Amazonas contra o desmatamento, em dezembro.
Salles também é alvo de duas ações no Supremo que serão relatadas pela ministra Cármen Lúcia - uma apresentada pelo PDT e outra pelo ex-superintendente da corporação no estado, Alexandre Saraiva.
Cachoeira do Aruã (Pará): verificamos o sistema de rastreamento das árvores. Etiquetas nas toras indicam local exato de onde vieram. Andamos na mata para conferir. Os dados bateram certinho. Agora faremos a confirmação pelo teste comparativo do DNA das amostras. pic.twitter.com/dLm5RaNH3u
%u2014 Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) March 31, 2021
Salles também é alvo de duas ações no Supremo que serão relatadas pela ministra Cármen Lúcia - uma apresentada pelo PDT e outra pelo ex-superintendente da corporação no estado, Alexandre Saraiva.