Jornal Estado de Minas

CPI DA COVID

Flávio diz que pastor Silas Malafaia influencia o presidente Bolsonaro

Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) tem contato quase diário com o Silas Malafaia e é influenciado pelo pastor. A questão foi colocada pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que também é filho do chefe do governo federal, durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID, no Senado Federal, nesta quinta-feira (20/5).





“Toda hora fala aqui de família, que não pode. Já vi até ministro sendo acusado de dar aconselhamento paralelo ao presidente da República, por incrível que pareça. Agora, se querem ouvir alguém que dá conselho ao presidente da República, vou dar o nome: chama o pastor Silas Malafaia aqui. Esse fala quase diariamente com o presidente e influencia o presidente. Chama ele aqui, vê se ele não influenciou alguma coisa”, afirmou Flávio.

Flávio Bolsonaro fez a afirmação durante fala do senador Marcos Rogério (DEM-RO), que disse que vai criar um requerimento solicitando o depoimento de Malafaia na comissão. A reunião desta quinta ouve Eduardo Pazuello, que começou a depor nessa quarta-feira (19/5). A sessão dessa quarta foi suspensa após sete horas e retomada nesta quinta.
 
O ex-ministro já foi questionado sobre diversos temas a respeito da gestão no Ministério da Saúde. A demora na compra de vacinas contra o coronavírus, o investimento em remédios como a cloroquina, sem eficácia comprovada contra a COVID-19, a defesa e divulgação do tratamento precoce contra o vírus, também sem comprovação científica, e o colapso da saúde em Manaus são alguns deles.





Pazuello pode ficar em silêncio durante o depoimento sempre que entender que as perguntas têm potencial de produzir provas contra si mesmo, o que não é permitido na Constituição Federal. A medida foi possível após concessão de habeas corpus por parte do Supremo Tribunal Federal (STF).
 
Sucessor de Nelson Teich e antecessor de Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello seria ouvido incialmente em 5 de maio, seguindo a linha do tempo do comando da pasta, mas alegou que estava em isolamento após contato com pessoas com suspeitas de COVID-19.

A CPI da COVID, instalada no Senado em 27 de abril deste ano, apura possíveis ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia do coronavírus e repasses de verbas a estados e municípios. Os depoimentos tiveram início em 4 de maio, com Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde.





No dia seguinte, Nelson Teich, sucessor de Mandetta no cargo, depôs. No dia 6 de maio, foi a vez de Marcelo Queiroga, atual ministro da Saúde, prestar depoimento. Em 11 de maio, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, depôs.

Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo federal, foi ouvido pelos senadores na última quarta-feira (12/5), seguido de Carlos Murillo, ex-presidente da Pfizer no Brasil e atual presidente regional da empresa na América Latina. O boliviano prestou depoimento à CPI na quinta-feira (13/5) da semana passada.

Nesta semana, a CPI deu início às oitivas com o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, na última terça-feira (18/5). As oitivas serão retomadas na próxima terça-feira (25/5), com depoimento de Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde.




 

O que é uma CPI?

As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) são instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relevância ligado à vida econômica, social ou legal do país, de um estado ou de um município. Embora tenham poderes de Justiça e uma série de prerrogativas, comitês do tipo não podem estabelecer condenações a pessoas.

Leia também: Entenda como funciona uma CPI


O que a CPI da COVID investiga?

Instalada pelo Senado Federal em 27 de abril de 2021, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), a CPI da COVID trabalha para apurar possíveis falhas e omissões na atuação do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus. O repasse de recursos a estados e municípios também foi incluído na CPI e está na mira dos parlamentares.

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