O ato simbólico que iniciou a vacinação contra COVID-19 em Minas Gerais foi permeado por divergências entre integrantes da Secretaria de Estado de Saúde. Uma área técnica da pasta recomendou ao ex-secretário Carlos Eduardo Amaral que o evento não fosse sediado no Aeroporto de Confins. Ele, contudo, alegou ter seguido orientações da Secretaria Geral do governo de Romeu Zema (Novo) e da área de comunicação do Palácio Tiradentes.
Áudios revelam que Janaína Passos de Paula, subsecretária de Vigilância em Saúde, reprovava o formato da solenidade.
Áudios revelam que Janaína Passos de Paula, subsecretária de Vigilância em Saúde, reprovava o formato da solenidade.
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“Se der, minimamente, uma coisa errada, isso vai reverter contra a gente, não é? Tecnicamente, não concordo, realmente, com essa realização lá”, argumenta, no áudio.
Para Amaral, ela também se queixou. “Ainda gostaria que fosse considerado fazer no Eduardo de Menezes, em vez de fazer no Aeroporto de Confins”, cita trecho de outra gravação, dessa vez dirigida ao secretário.
Questionado pelos parlamentares a respeito do teor dos áudios, o ex-secretário alegou que a decisão foi tomada em conjunto. “Não houve desacordo com orientação técnica. Houve construção. A vacinação seguiu um consenso de que, no final das contas, depois de discussão, poderia ser feita no aeroporto. Isso era uma orientação da comunicação do governo e da Secretaria-Geral”.
Ainda conforme Amaral, a orientação da Secretaria-Geral sobre detalhes do evento veio do chefe da pasta, Mateus Simões, favorável a iniciar a vacinação em 18 de fevereito, data do evento em Confins. Ao Estado de Minas, ele explicou a opção e disse que a estratégia foi traçada em conjunto com outros estados e o Ministério da Saúde
"Havia um compromisso de todos os governadores de iniciar a vacinação naquela noite. Todos os estados fizeram um esforço: o Rio de Janeiro vacinou no Corcovado, vários fizeram vacinação em bases aéreas e alguns se vacinaram na sede do governo", explicou.
O aval da Saúde a um evento no aeroporto tranquilizou a Secretaria Geral, que tentava evitar aglomerar profissionais de imprensa em hospitais, espaços considerados de risco.
"Havia um compromisso de todos os governadores de iniciar a vacinação naquela noite. Todos os estados fizeram um esforço: o Rio de Janeiro vacinou no Corcovado, vários fizeram vacinação em bases aéreas e alguns se vacinaram na sede do governo", explicou.
O aval da Saúde a um evento no aeroporto tranquilizou a Secretaria Geral, que tentava evitar aglomerar profissionais de imprensa em hospitais, espaços considerados de risco.
A CPI já recebeu informações que, após o ato simbólico, outras 30 doses foram aplicadas em funcionários da rede de frios (onde as vacinas são armazenadas), a fim de evitar desperdício. As ampolas estavam na caixa que abrigava as injeções utilizadas na cerimônia de abertura da imunização. Se não fossem usadas de pronto, teriam que ser descartadas, pois sofreram variação de temperatura
Deputados se irritam
A postura de Amaral ante a cerimônia em Confins irritou os integrantes da CPI. O presidente do grupo, João Vítor Xavier (Cidadania), mostrou descontentamento com o fato de a alta cúpula da Saúde ter ignorado a sugestão de não fazer o ato simbólico no aeroporto.
“O setor técnico, que o senhor disse que validou as listas, te desaconselhou. O setor técnico, me parece, só servia quando interessava ao senhor ou ao seu entendimento”, disparou.