O ex-secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, garante que não houve irregularidades na aplicação de vacinas antiCOVID-19 em servidores administrativos da pasta. Imunizado em 19 de fevereiro, o médico argumentou ter recebido a dose para dar exemplo aos seus subordinados. Nesta quinta-feira (20/5), ele depôs à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga, na Assembleia Legislativa, possíveis “fura-filas”.
Ao fim da oitiva, Amaral concedeu breve entrevista coletiva. Ele assegurou que a Saúde estadual foi transparente ao lidar com a vacinação interna.
“O processo foi extremamente correto. Não tenho dúvidas de que isso será levado em consideração por esta CPI. Fizemos um processo exemplar. Não há vício ou nada diferente do que deveria ser feito. Não houve fura-fila”, disse. Durante a sessão, o médico foi questionado pelos parlamentares sobre os motivos de sua vacinação.
Ele afirmou ter pensado em dar exemplo aos funcionários da pasta. “Para os servidores da Saúde, eu queria ser um bom exemplo. Gostaria que fosse interpretado dessa forma. Os servidores da Saúde sabiam que todos seriam vacinados seguindo o memorando. Quando chegou a minha vez, fui vacinado, e isso é um bom exemplo”, justificou.
O presidente da comissão de inquérito, João Vítor Xavier (Cidadania), se incomodou com o argumento. Segundo o deputado, a transparência não foi alcançada, visto que não houve publicização da imunização de Amaral.
“Como o senhor ia influenciar se ninguém viu, ouviu ou não teve uma nota? A sua chefe de Comunicação disse que não houve nenhum pedido de vossa excelência para divulgar a vacinação para os públicos interno e externo. Como o senhor seria esse bom exemplo?”, perguntou, em menção ao depoimento de Virgínia Cornélio da Silva, que comandava a equipe responsável pelo setor de imprensa e publicidade da SES-MG.
Carlos Amaral foi acusado por João Vítor de mentir ao grupo que investiga os supostos “fura-filas”. O deputado leu declaração dada pelo ex-secretário em março, antes da abertura da investigação, quando as primeiras denúncias de irregularidades começaram a surgir.
“Quis ser vacinado para não parecer que eu era contra a vacina ou que eu achava que a vacina não seria. Acho que todos tem que ser vacinados. Não concordo com nenhum movimento contra a vacinação. Jávenho trabalhando há muito tempo nos hospitais”, falou, à época.
1993: CPI dos Anões do Orçamento (Câmara) - apurou desvios do Orçamento da União
2000: CPIs do Futebol - (Senado e Câmara, separadamente) - relações entre CBF, clubes e patrocinadores
2001: CPI do Preço do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formulação dos valores
2005: CPMI dos Correios - investigar denúncias de corrupção na empresa estatal
2005: CPMI do Mensalão - apurar possíveis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo
2006: CPI dos Bingos (Câmara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro
2006: CPI dos Sanguessugas (Câmara) - apurou possível desvio de verbas destinadas à Saúde
2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar possível corrupção na estatal de petróleo
2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comitê organizador da Copa do Mundo de 2014
2019: CPMI das Fake News - disseminação de notícias falsas na disputa eleitoral de 2018
2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão
Ao fim da oitiva, Amaral concedeu breve entrevista coletiva. Ele assegurou que a Saúde estadual foi transparente ao lidar com a vacinação interna.
“O processo foi extremamente correto. Não tenho dúvidas de que isso será levado em consideração por esta CPI. Fizemos um processo exemplar. Não há vício ou nada diferente do que deveria ser feito. Não houve fura-fila”, disse. Durante a sessão, o médico foi questionado pelos parlamentares sobre os motivos de sua vacinação.
Ele afirmou ter pensado em dar exemplo aos funcionários da pasta. “Para os servidores da Saúde, eu queria ser um bom exemplo. Gostaria que fosse interpretado dessa forma. Os servidores da Saúde sabiam que todos seriam vacinados seguindo o memorando. Quando chegou a minha vez, fui vacinado, e isso é um bom exemplo”, justificou.
O presidente da comissão de inquérito, João Vítor Xavier (Cidadania), se incomodou com o argumento. Segundo o deputado, a transparência não foi alcançada, visto que não houve publicização da imunização de Amaral.
“Como o senhor ia influenciar se ninguém viu, ouviu ou não teve uma nota? A sua chefe de Comunicação disse que não houve nenhum pedido de vossa excelência para divulgar a vacinação para os públicos interno e externo. Como o senhor seria esse bom exemplo?”, perguntou, em menção ao depoimento de Virgínia Cornélio da Silva, que comandava a equipe responsável pelo setor de imprensa e publicidade da SES-MG.
Histórico
Carlos Amaral foi acusado por João Vítor de mentir ao grupo que investiga os supostos “fura-filas”. O deputado leu declaração dada pelo ex-secretário em março, antes da abertura da investigação, quando as primeiras denúncias de irregularidades começaram a surgir.
“Quis ser vacinado para não parecer que eu era contra a vacina ou que eu achava que a vacina não seria. Acho que todos tem que ser vacinados. Não concordo com nenhum movimento contra a vacinação. Jávenho trabalhando há muito tempo nos hospitais”, falou, à época.
O que é uma CPI?
As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) são instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relevância ligado à vida econômica, social ou legal do país, de um estado ou de um município. Embora tenham poderes de Justiça e uma série de prerrogativas, comitês do tipo não podem estabelecer condenações a pessoas.
Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um terço dos 81 parlamentares. Na Câmara dos Deputados, também é preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).
Há a possibilidade de criar comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, é preciso obter assinaturas de um terço dos integrantes das duas casas legislativas que compõem o Congresso Nacional.
O que a CPI dos fura-fila investiga?
Criada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em 11 de março de 2021, a CPI dos fura-fila apura possíveis irregularidades na aplicação de vacinas contra a COVID-19 em servidores da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) que não atuam na linha de frente do setor. A comissão se debruça, ainda, sobre o montante de recursos aplicados pelo governo nas ações de combate à pandemia.
Na Assembleia de Minas, as CPIs podem funcionar por 120 dias. Posteriormente, é possível prorrogar os trabalhos por mais 60 dias. O presidente é João Vítor Xavier (Cidadania); a relatoria está a cargo de Cássio Soares (PSD).
Saiba como funciona uma CPI
Após a coleta de assinaturas, o pedido de CPI é apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo é oficialmente criado após a leitura em sessão plenária do requerimento que justifica a abertura de inquérito. Os integrantes da comissão são definidos levando em consideração a proporcionalidade partidária — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideranças de cada agremiação são responsáveis por indicar os componentes.
Na primeira reunião do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto é responsável por conduzir as investigações e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relatório final do inquérito, contendo as conclusões obtidas ao longo dos trabalhos.
Em determinados casos, o texto pode ter recomendações para evitar que as ilicitudes apuradas não voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a órgãos como o Ministério Público e a Advocacia-Geral da União (AGE), na esfera federal.
Conforme as investigações avançam, o relator começa a aprimorar a linha de investigação a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.
As CPIs precisam terminar em prazo pré-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um período, se houver aval de parte dos parlamentares.
O que uma CPI pode fazer?
- chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
- convocar suspeitos para prestar depoimentos (há direito ao silêncio)
- executar prisões em caso de flagrante
- solicitar documentos e informações a órgãos ligados à administração pública
- convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secretários, no caso de CPIs estaduais — para depor
- Ir a qualquer ponto do país — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audiências e diligências
- quebrar sigilos fiscais, bancários e de dados se houver fundamentação
- solicitar a colaboração de servidores de outros poderes
- elaborar relatório final contendo conclusões obtidas pela investigação e recomendações para evitar novas ocorrências como a apurada
- pedir buscas e apreensões (exceto a domicílios)
- solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados
O que uma CPI não pode fazer?
Embora tenham poderes de Justiça, as CPIs não podem:
- julgar ou punir investigados
- autorizar grampos telefônicos
- solicitar prisões preventivas ou outras medidas cautelares
- declarar a indisponibilidade de bens
- autorizar buscas e apreensões em domicílios
- impedir que advogados de depoentes compareçam às oitivas e acessem
- documentos relativos à CPI
- determinar a apreensão de passaportes
A história das CPIs no Brasil
A primeira Constituição Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas à Câmara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado também passou a poder instaurar investigações. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.
Segundo a Câmara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro começou a funcionar em 1935, para investigar as condições de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comitê similar foi criado em 1952, quando a preocupação era a situação da indústria de comércio e cimento.
As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constituição foi redigida. O texto máximo da nação passou a atribuir poderes de Justiça a grupos investigativos formados por parlamentares.
CPIs famosas no Brasil
1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atuação do sistema de alfabetização adotado pelo governo militar
1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor
1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor
1993: CPI dos Anões do Orçamento (Câmara) - apurou desvios do Orçamento da União
2000: CPIs do Futebol - (Senado e Câmara, separadamente) - relações entre CBF, clubes e patrocinadores
2001: CPI do Preço do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formulação dos valores
2005: CPMI dos Correios - investigar denúncias de corrupção na empresa estatal
2005: CPMI do Mensalão - apurar possíveis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo
2006: CPI dos Bingos (Câmara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro
2006: CPI dos Sanguessugas (Câmara) - apurou possível desvio de verbas destinadas à Saúde
2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar possível corrupção na estatal de petróleo
2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comitê organizador da Copa do Mundo de 2014
2019: CPMI das Fake News - disseminação de notícias falsas na disputa eleitoral de 2018
2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão