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Estado de Minas BRIGA

Deputado e prefeito batem boca por causa de investigação da Polícia Federal

Ao afirmar que vai investigar a Prefeitura de Coronel Fabriciano, deputado federal Leo Motta (PSL) é chamado de vagabundo pelo prefeito Marcos Vinícius (PSDB)


20/05/2021 16:53 - atualizado 20/05/2021 17:16

Prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Vinícius da Silva Bizarro disse que não tem nada a esconder e que todos os seus atos são públicos(foto: PMCF/Divulgação )
Prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Vinícius da Silva Bizarro disse que não tem nada a esconder e que todos os seus atos são públicos (foto: PMCF/Divulgação )
Um ofício enviado pelo deputado federal Leo Motta (PSL) à Associação Mineira dos Municípios (AMM) trouxe à tona investigação que é realizada pela Polícia Federal sobre possíveis irregularidades na compra e aluguel de equipamentos hospitalares pela Prefeitura de Coronel Fabriciano, no Vale do Aço.

E irritou o prefeito de Fabriciano, Marcos Vinícius da Silva Bizarro, que chamou o parlamentar de "vagabundo".

Sem novidades na investigação, o caso voltou a ser discutido por causa da CPI da COVID.

O deputado federal Leo Motta (PSL) decidiu investigar o que de fato houve nessas relações e enviou ofício para os filiados da AMM.
 
Motta ficou furioso com a reação do prefeito e, em vídeo postado em suas redes sociais, contra-atacou, dizendo que não é vagabundo.

"Eu sou policial civil e deputado federal, e vou investigar, sim, investigar toda e qualquer irregularidade praticada pela Prefeitura de Coronel Fabriciano ou qualquer outra prefeitura de Minas", disse.
 
Mais furioso ainda ficou o prefeito de Coronel Fabriciano.

"O município de Coronel Fabriciano repudia as atitudes de deputados paraquedistas, que em nada contribuem com a cidade e que de 4 em 4 anos vêm espalhar desinformação para obter palanque político, ludibriando eleitores", informou a prefeitura, em nota.
 
O prefeito Marcos Vinícius também divulgou nota de repúdio da AMM, da qual é associado.

“Na condição de representante dos 853 municípios mineiros, a Associação Mineira de Municípios (AMM), vem manifestar seu total depúdio à ação espetaculosa do deputado federal Leo Motta (PSL-MG), por meio de ofício enviado aos prefeitos e prefeitas de Minas Gerais, e atitudes populistas com insultos e xingamentos em redes sociais e portas de prefeituras".  
 
A nota diz que "é de impressionar o desconhecimento do parlamentar referente à total clareza que os municípios devem ter com o registro de todas essas informações no Portal da Transparência, mantendo público esses gastos para o conhecimento da população, da imprensa e dos órgãos fiscalizadores competentes. Tendo esse conhecimento, o parlamentar está agindo de má-fé, com intuito meramente eleitoreiro". 
 
A AMM também manifestou "grande repulsa a essa ação do deputado federal de se dirigir aos prefeitos e prefeitas de todo o Estado de Minas Gerais, em caráter inquisitório, solicitando informações que já são públicas", e que o fato mostra uma tentativa eleitoreira em criar fatos sem fundamentação consistente, em claro estágio de acordos e conchavos partidários visando às eleições gerais de 2022. 
 
Em sua rede social, o deputado Leo Motta disse que vai continuar cumprindo o seu dever de fiscalizar o uso correto do dinheiro público, especialmente os recursos destinados ao combate à pademia do novo coronavírus.

Disse que não é político carreirista e que é muito bem pago para fiscalizar. "Ou vocês querem que eu fique ganhando um salário altíssimo, quietinho, sem fiscalizar nada?", concluiu.

Entenda a Operação Vácuo, da Polícia Federal

A Operação Vácuo, deflagrada pela Polícia Federal em 20 de novembro de 2020 para investigar empresas ligadas ao comércio de equipamentos médicos e suas relações com a Prefeitura de Coronel Fabriciano, continua apurando possíveis irregularidades, como o superfaturamento de ventiladores pulmonares, usados por paciente da COVID-19 no município.
As investigações apuram o uso de empresa laranja, para a celebração de contrato com a Prefeitura de Coronel Fabriciano, com superfaturamento de valores, possível conluio entre empresas que participaram de cotação do serviço e eventual não entrega dos equipamentos adquiridos. 
 
A PF identificou que a principal investigada teria vendido dois ventiladores pulmonares e alugado outros 10 à prefeitura, sendo que o preço de seis meses de aluguel do equipamento supera seu valor de compra. Há ainda suspeita de que parte do material não tenha sido de fato entregue.

Nota técnica produzida pela Controladoria Geral da União (CGU) estima que o prejuízo causado é de, no mínimo, R$ 414 mil.
 

O que é uma CPI?

As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) são instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relevância ligado à vida econômica, social ou legal do país, de um estado ou de um município. Embora tenham poderes de Justiça e uma série de prerrogativas, comitês do tipo não podem estabelecer condenações a pessoas.

Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um terço dos 81 parlamentares. Na Câmara dos Deputados, também é preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).

Há a possibilidade de criar comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, é preciso obter assinaturas de um terço dos integrantes das duas casas legislativas que compõem o Congresso Nacional.

O que a CPI da COVID investiga?


O presidente do colegiado é Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) é o relator. O prazo inicial de trabalho são 90 dias, podendo esse período ser prorrogado por mais 90 dias.



Saiba como funciona uma CPI

Após a coleta de assinaturas, o pedido de CPI é apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo é oficialmente criado após a leitura em sessão plenária do requerimento que justifica a abertura de inquérito. Os integrantes da comissão são definidos levando em consideração a proporcionalidade partidária — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideranças de cada agremiação são responsáveis por indicar os componentes.

Na primeira reunião do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto é responsável por conduzir as investigações e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relatório final do inquérito, contendo as conclusões obtidas ao longo dos trabalhos. 

Em determinados casos, o texto pode ter recomendações para evitar que as ilicitudes apuradas não voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a órgãos como o Ministério Público e a Advocacia-Geral da União (AGE), na esfera federal.

Conforme as investigações avançam, o relator começa a aprimorar a linha de investigação a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.

As CPIs precisam terminar em prazo pré-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um período, se houver aval de parte dos parlamentares

O que a CPI pode fazer?

  • chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
  • convocar suspeitos para prestar depoimentos (há direito ao silêncio)
  • executar prisões em caso de flagrante
  • solicitar documentos e informações a órgãos ligados à administração pública
  • convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secretários, no caso de CPIs estaduais — para depor
  • ir a qualquer ponto do país — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audiências e diligências
  • quebrar sigilos fiscais, bancários e de dados se houver fundamentação
  • solicitar a colaboração de servidores de outros poderes
  • elaborar relatório final contendo conclusões obtidas pela investigação e recomendações para evitar novas ocorrências como a apurada
  • pedir buscas e apreensões (exceto a domicílios)
  • solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados

O que a CPI não pode fazer?

Embora tenham poderes de Justiça, as CPIs não podem:

  • julgar ou punir investigados
  • autorizar grampos telefônicos
  • solicitar prisões preventivas ou outras medidas cautelares
  • declarar a indisponibilidade de bens
  • autorizar buscas e apreensões em domicílios
  • impedir que advogados de depoentes compareçam às oitivas e acessem
  • documentos relativos à CPI
  • determinar a apreensão de passaportes

A história das CPIs no Brasil

A primeira Constituição Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas à Câmara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado também passou a poder instaurar investigações. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.

Segundo a Câmara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro começou a funcionar em 1935, para investigar as condições de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comitê similar foi criado em 1952, quando a preocupação era a situação da indústria de comércio e cimento.

As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constituição foi redigida. O texto máximo da nação passou a atribuir poderes de Justiça a grupos investigativos formados por parlamentares.

CPIs famosas no Brasil

1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atuação do sistema de alfabetização adotado pelo governo militar

1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor

1993: CPI dos Anões do Orçamento (Câmara) - apurou desvios do Orçamento da União

2000: CPIs do Futebol - (Senado e Câmara, separadamente) - relações entre CBF, clubes e patrocinadores

2001: CPI do Preço do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formulação dos valores

2005: CPMI dos Correios - investigar denúncias de corrupção na empresa estatal

2005: CPMI do Mensalão - apurar possíveis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo

2006: CPI dos Bingos (Câmara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro

2006: CPI dos Sanguessugas (Câmara) - apurou possível desvio de verbas destinadas à Saúde

2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar possível corrupção na estatal de petróleo

2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comitê organizador da Copa do Mundo de 2014

2019: CPMI das Fake News - disseminação de notícias falsas na disputa eleitoral de 2018

2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão


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